Cinema, aspirinas e distribuição

por Alexandre Fugita

3 Efes - distribuição moderna! Hoje, sexta-feira, 7 de Dezembro é um dia interessante no que tange à distribuição de conteúdo. Da mesma forma que fez o diretor Steven Soderbergh, em 2005, com seu filme Bubble, um filme nacional chamado 3 Efes estréia ao mesmo tempo em várias mídias. Ao invés de restringir a escolha do espectador à tela do cinema, o filme do diretor Gerbase pode ser visto em outros lugares também: na TV (Canal Brasil), em DVD e pela internet, via Terra.

Já discuti aqui no Techbits que a grande mudança que a internet trouxe para todas as mídias foi a facilidade de distribuição. Hoje não queremos mais esperar para assistir ao último episódio do seriado Heroes quando a AXN ou a Record resolverem passar por aqui. Não queremos aguardar vários meses, de acordo com a estratégia comercial da distribuidora, para termos um filme em DVD. Não queremos escassez e sim abundância.

O que o filme Bubble fez foi uma experiência neste sentido agora repetido pelo 3 Efes. Não sei se o filme é bom (isso aqui não é um blog de cinema!), as críticas falam bem, pretendo assistir assim que possível. Mas que a estratégia de distribuição diferente está chamando a atenção, não há dúvidas.

Claro que provavelmente estão fazendo assim pois o público que atingiriam na meia dúzia de salas de cinema do país que vão passar o filme, não pagaria a produção. Mas em termos de soltar as amarras da velha forma de distribuir conteúdo, o filme 3 Efes já ganhou um fã. Fora que vem da Casa de Cinema de Porto Alegre, deve ser coisa boa!

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WordPress, A plataforma de publicação

por Alexandre Fugita

Wordpress Acabei de ler no IDG Now! que o WordPress tem crescido bastante no Brasil e pode começar a ameaçar a ferramenta dominante, o ruim Blogspot/ Blogger, da Google. Essa é uma ótima notícia e melhora ainda mais quando descobrimos como foi feita a medição. Os dados são do IBOPE/ NetRatings e levam em conta o domínio visitado, ou seja, o WordPress.com. Conclusão, todos os blogs hospedados em servidor próprio e que usam o WordPress como ferramenta de CMS não estão contabilizados nesta estatística. E tenho certeza que estes, se adicionados, aumentariam significativamente o marketshare do WordPress.

CMS flexível

O WordPress é com certeza um dos CMS (Content Management System) dos mais flexíveis. Basicamente serve para criar um blog, mas quem tiver criatividade consegue transformar o WordPress em base para qualquer tipo de site. Uma loja virtual? WordPress! Um portfólio? WordPress! Um site de notícias? WordPress! Um “qualquer coisa”… WordPress, nem precisa esperar a resposta. Para se ter uma idéia, o ótimo Web Insider, roda em WordPress. O gigante blog Techcrunch também. É a ferramenta de escolha mais usada atualmente.

Se você está pensando em criar um blog ou um site de outro tipo, não hesite em perguntar para o desenvolvedor se tudo aquilo não poderia rodar em WordPress. Você terá uma ferramenta poderosa e flexível ao seu dispor, com facilidade de atualização das informações e além disso, suporte de uma rede de desenvolvedores que criam plugins para tudo que é funcionalidade e também contribuem para a segurança e melhora da plataforma em velocidades incríveis.

Só para vocês terem uma ídeia, outro dia expliquei para um colega que diabos é um blog, ele ficou impressionado e criou o seu, um tal de Tô com fome, que pretende concorrer com o Vale 9 Conto. WordPress, claro!

Outros CMS

Bom, fora o WordPress existem outras ferramentas de CMS gratuitas, baseadas em software livre. Uma delas é o Drupal, usada também por grandes blogs como o BR-Linux ou o Meio Bit. É uma ferramenta bastante poderosa mas ao mesmo tempo mais complicada. Recomendo para usuários avançados.

Também temos o Movable Type, outro mecanismo usado por blogs como o Digital Drops. Não tenho o que dizer pois na verdade nunca usei, mas creio que seja boa também. Alguns preferem o B2 Evolution, como o Sérgio Lima 2.4 e a rede Interney Blogs. Se não me engano é parecido com o WordPress, mas tem suas características próprias que angaria fãs. Quanto a outras ferramentas, quem quiser discorrer sobre elas, fique a vontade nos comentários.

O Facebook e a privacidade

por Alexandre Fugita

Facebook Um dos assuntos que me chamou a atenção nos últimos dias é uma funcionalidade adicionada ao Facebook chamada Beacon, um mês atrás. O Beacon é uma ferramenta de recomendação que analisa os hábitos de navegação dos usuários do Facebook em alguns sites e informa sua rede de amigos sobre suas ações. Mais ou menos um BigBrother das suas andanças pela internet. Tudo isso não teria causado polêmica não fosse o fato do Beacon funcionar sem você solicitar e sem possibilidade de opt-out fácil.

Demografia

A ferramenta é excelente para obter dados demográficos que tanto os sites necessitam. Sem eles fica mais complicado vender anúncios, por exemplo. Blogs e sites em geral podem se beneficiar das informações obtidas. Aqui no Brasil o Tecnocracia fez uma pesquisa e o Meio Bit faz uma promoção para obter esses preciosos dados demográficos. Até onde sei outros blogs planejam ações semelhantes. O que o Facebook está fazendo é um facilitador para obter essas informações, um CRM dos hábitos de navegação.

A questão em jogo é como o Facebook está tratando essa vigilância. Foi quase que uma imposição e os usuários se revoltaram. Por causa disso o Beacon estava mutação diariamente para tentar se adequar à demanda dos facebookers. Mas, toda essa vigilância sobre o que fazemos não lembra alguém não? Vou dar uma dica, começa com Goo e termina com gle.

Google

Sim, o Google há tempos é o maior CRM do mundo. Aqui no Techbits já até havia questionado se a gigante de Montain View não seria um spyware disfarçado de mecanismo de busca/ publicidade. Por que será que o Google oferece o Analytics de graça? Para nós é ótimo saber as estatísticas de visitação de nossos blogs. Para eles é excelente saber os hábitos de navegação de todo mundo e um pouquinho mais. Melhoram sua ferramenta de anúncios possibilitando melhor retorno do investimento.

O Facebook não está fazendo nada que a Google já não faz ao armazenar nossos hábitos. O grande problema é que está compartilhando com outros usuários essas informações. Esse é o X da questão. Nós não ligamos que alguém nos vigie, desde que não conte pra ninguém o que fazemos. E se você quer se livrar de qualquer mecanismo de vigilância, aprenda o poder do arquivo Host. É usado para evitar spywares e bloquear anúncios, mas pode ser adaptado para torná-lo invisível da maioria das formas de tracking da web.

TV digital e a distribuição de conteúdo

por Alexandre Fugita

TV digital Demorei um pouco para escrever este texto, o timing ideal teria sido dois dias atrás, na estréia da TV digital no Brasil. O vídeo de lançamento foi bastante interessante, com um mashup de cenas memoráveis da época analógica. Concordo que a evolução que o novo serviço traz é comparável à transição do preto e branco para a TV em cores.

Fui a uma loja de SP para conferir a tão falada qualidade de imagem digital. O aparelho de TV era um Full HD 1080i, 50 polegadas e o programa, uma novela da Globo. Enquanto a qualidade da imagem é impressionante, não podemos falar o mesmo do programa que estava passando…

O grande problema da TV digital é o mesmo da TV analógica e aparentemente continuará assim por muito tempo e se chama distribuição de conteúdo. A mesma restrição de escolha, a mesma restrição de grade de programação, a mesma escassez que essa mídia sempre ofereceu, continua.

O advento da internet nos acostumou mal, consumimos conteúdo quando, onde e o que quisermos. Nós fazemos as escolhas, temos variedade para selecionar aquilo que nos agrada, essas coisas. Na internet temos abundância e os filtros personalizados, bem diferente da escassez encontrada na forma de distribuição da TV digital ou analógica.

A qualidade da imagem é o diferencial, como diria o Solon. Mas em termos práticos é só isso que está mudando. O que importa, ou seja, a possibilidade de escolha que a internet nos ensinou, continua restrita à grade imposta pela emissora de TV. Já havia dito isso antes, mas minha TV digital é a internet. Prefiro mil vezes a variedade e liberdade de escolha de um YouTube.

(*) imagem deste post, via Flickr

O interesse da Google nos 700 Mhz

por Alexandre Fugita

700 Mhz Ontem a Google anunciou oficialmente a intenção de dar um lance no leilão da faixa de 700 Mhz – liberado pela antiga TV analógica – para prover acesso móvel à interweb lá nos EUA. Daí vem a pergunta que não quer calar: por que diabos a Google, gigante de buscas e publicidade on-line, teria esse interesse diferente do seu negócio principal? Seria algo pra dominar o mundo ou outra coisa?

As razões podem ser variadas, mas o press-release desta oficialização dá umas dicas. O Eric Schmidt, CEO da gigante de Montain View, diz que qualquer que seja o resultado do leilão, os consumidores serão beneficiados por uma rede mais aberta, própria para tráfego de dados dos widgets e mashups que caracterizam a web como plataforma.

Relacionando o assunto com a controvérsia da Net Neutrality, as coisas começam a fazer mais sentido. Talvez a Google queira evitar para o mercado de internet móvel uma nova discussão de neutralidade da rede que ameaçou tomar conta da internets e que culminou com a declaração humorística do senador americano Ted Stevens, de que a internets é uma série de tubos. A mobilidade não quer ficar refém dos tubos.

E realmente para nós consumidores, toda aquela ladainha de arrepiar os cabelos dos executivos das bells americanas, da Google exigir do FCC que a faixa dos 700 Mhz siga alguns princípios de acesso aberto, traz benefícios. A oferta mínima de US$ 4,6 bi, se atingida por qualquer um (leia-se Google ou concorrentes) garante uma rede móvel aberta. Se ninguém atingir esse valor – o que duvido muito – vai haver um segundo leilão no qual os princípios não são garantidos.

E aí entra a questão do Android OS e do Open Handset Alliance, como isso se encaixa? Fácil! O Android OS será um sistema operacional para suportar os widgets tanto da Google quanto aqueles feito pela comunidade de desenvolvedores que já se formou (aprenda com isso, Apple!). Provavemente a maioria desses pequenos softwares se comunicarão com a nuvem da internet, seja para obter dados de outros serviços, seja para trocar informações com o resto do mundo.

Esse é o pulo do gato. Uma rede 700 Mhz o mais aberta possível para tráfego de dados, junto com um sistema operacional baseado em widgets sedentos por comunicar-se com a nuvem. Tenho muitas razões pra acreditar que tudo isso mudará a forma como interagimos com nossos gadgets, internet e pessoas.

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