Browzar: Adware disfarçado de navegador que protege privacidade

por Alexandre Fugita

[Browsar é adware] [Atualizado] Esse foi o maior golpe dos adwares (software malicioso que exibe anúncios) que conheço. Uma empresa britânica acaba de lançar um navegador que deveria proteger a privacidade de seus usuários na web. Primeiro nota-se que o software em questão nem é um navegador, e sim uma camada (skin) que roda sobre o Internet Explorer, com todos os seus defeitos e problemas de segurança. Só isso já acabaria com essa história de proteger a privacidade. Mas ao usá-lo a situação piora: o Browzar é um adware disfarçado. Achei que não existia nada pior que o Internet Explorer. Mas existe.

A enganação

A licença de uso do Browzar diz que é um freeware. A página de download do software informa que não contém spyware, malware ou adware de qualquer tipo. Ok, pode ser que seja verdade. Mas ao usá-lo, percebe-se o golpe. A página inicial, que não pode ser mudada, é do mecanismo de busca do próprio Browzar. Ao fazer qualquer pesquisa os resultados, em sua maioria, são anúncios. Não há distinção entre o que é resultado normal ou propaganda. E as propagandas são da Overture, empresa do Yahoo! Search Marketing. Ou seja, é um adware disfarçado. Ninguém percebeu e o Browzar ganhou manchetes na mídia.

O software ainda aproveita do caso da AOL para se promover. Diz, em seu press-release: “…o Browzar surge após a publicação de dados pessoais pela AOL…”.

Repercussão

[incluído em 4 setembro] O fim de semana deve ter sido agitado na sede da Browzar. O seu fundador negou que o software seja um adware. A repercussão negativa foi tão forte que apenas 4 dias após seu lançamento, tiraram do ar o mecanismo de pesquisa que retornava somente anúncios. Mas um fato ainda continua: o Browzar não é um navegador e sim uma camada sobre o Internet Explorer.

Como proteger sua privacidade na web

A maioria das páginas da internet grava um cookie em seu computador. O cookie é uma forma de saber que você já passou por lá. A cada visita seus hábitos são monitorados, o que permite traçar um perfil. Quando uma página possui um campo a ser preenchido (por exemplo: página de login do seu webmail, ou do orkut), deixar o navegador completar informações automaticamente, é fatal no que diz respeito à privacidade. O ideal é apagar sempre que possível suas pegadas (cookies e informações de formulários). Veja abaixo como fazer isso (*):

No Internet Explorer

  • Apagar os cookies: menu Ferramentas, Opções da Internet, aba Geral, botão Excluir Cookies;
  • Apagar formulários: menu Ferramentas, Opções da Internet, aba Conteúdo, botão Auto Completar, botões Limpar Formulários e Limpar Senhas

No Firefox

  • Apagar todos os rastros: pressione CONTROL + SHIFT + DEL, selecione o botão Limpar Dados Pessoais.

No Safari

  • Apagar todos os rastros: menu Safari, Reset Safari, e confirme no botão Reset.

(*) Na verdade isso só apaga seus rastros no computador que usou para navegar na web. Suas pegadas continuam no provedor e em todos os serviços que entrou. Se não quer deixar migalhas por aí, não use a internet.

DRM: Windows Media e iTunes desbloqueados

por Alexandre Fugita

Windows Media e iTunesUma das discussões intermináveis do mundo da tecnologia, ganhou novos contornos esta semana. O DRM sofreu um novo ataque. Não, isso não é o nome de uma banda. DRM é a sigla para Gestão de Direitos Digitais (Digital Rights Management, em inglês). Trata-se de um conjunto de tecnologias que visa proteger direitos autorais e de cópia de arquivos digitais como músicas, filmes, fotos e e-books. Foram divulgadas formas de contornar arquivos protegidos do Windows Media Player e do iTunes, dois dos tocadores de mídia mais usados atualmente.

Gravadoras vs. Consumidores

Os detentores de direitos autorais têm, como o próprio nome diz, direito sobre suas obras. Quanto a isso não há discussão. Músicas, filmes, fotos, livros, tudo isso está protegido de alguma forma por leis, mundo afora. Uma das formas de monetizar (dinheirizar, diriam os mais xenófobos alguns) tais obras é cobrando do consumidor final uma quantia pelo direito de uso. É aí que surge o problema quando tratamos de arquivos digitais. Não estou falando de preço, e nem de cópias ilegais.

Se você compra uma música na iTunes (nós brasileiros não podemos fazer isso), só poderá ouví-la em seu iPod. “E daí?”, você pergunta. Atualmente iPods são acessórios da moda, todos querem ter um. Vamos supor que daqui a alguns anos você resolva trocar seu iPod por um mp3 player de outra marca… Aí vem a lembrança: foram milhares de “dinheiros” com música legalizada na loja da Apple. O que fazer? A resposta simples é: comprar todas as músicas de novo. A resposta ruim é: ficar preso aos iPods para sempre.

O DRM e Marisa Monte

A reinvidicação dos usuários é simples: que tal se pudéssemos usar a mesma música comprada para o iPod, no Zune, no PC/ Mac (*), no CD do carro, no mp3 do celular? Isso se chama fair use, ou o uso justo. Não se trata de pirataria. É apenas o direito de usufruir da forma que bem entender por aquilo que se pagou.

Recentemente tivemos o caso da Marisa Monte que bloqueou a tranformação de seus CDs em mp3 para fair use no iPod, por exemplo. Causou polêmica, mas nem tanto quanto o caso do rootkit da gravadora Sony-BMG.

(*) na verdade dá pra usar no PC e no Mac, desde que se use o software da Apple (iTunes) e que o computador seja o mesmo que foi usado para comprar a música.

Você confiaria seus dados estratégicos ao Google?

por Alexandre Fugita

[Google, don't be evil!] O Google acaba de lançar um pacote que concorre com soluções vendidas pela Microsoft e IBM. Trata-se do Google Apps for your Domain (aplicativos Google para seu site), que nada mais é do que algumas de suas melhores ferramentas (Gmail, Calendar, Google Talk e Page Creator) integradas para uso corporativo. Deve entrar em breve nesta lista o Writely e o Spreadsheets (editor de textos e planilhas on-line respectivamente). Dentro das organizações esses aplicativos são caminho freqüente de informações estratégicas.

O problema

A Microsoft e a IBM oferecem soluções corporativas de email, calendário e integração. A grande diferença de ambas para o Google, é que em geral a solução está implantada em servidores próprios das empresas que compraram o produto(*), ou seja, o controle delas sobre as informações é total. O e-mail, parte central da comunicação interna e externa da maioria das organizações, fica vulnerável se estiver em poder de terceiros. O mesmo vale para calendário, planilhas e documentos. Você confiaria seus dados ao Google?

Universidades

Aparentemente o Google é uma empresa confiável, e seus serviços fazem enorme sucesso entre usuários finais. Internamente o lema corporativo informal é Don’t be evil (não seja mal). O serviço lançado agora é uma extensão do que já existia antes (Gmail for your Domain, desde fevereiro) com a integração de outras ferramentas.

Segundo Dave Girouard, VP de negócios corporativos do Google, o Gmail já é utilizado por centenas de universidades para prover email aos seus alunos e colaboradores. Essa é uma forte indicação de que provavelmente não há o que temer em relação à segurança da informação. Resta ao Google Apps a difícil tarefa de convencer CIOs de que sua ferramente é confiável.

(*) a Microsoft possui uma suíte on-line de aplicativos chamada Windows Live.

Plutão: Wikipédia 10 x Livros, zero

por Alexandre Fugita

Wikipédia, A enciclopéiaUma notícia interessante desta semana é que Plutão não é mais um planeta. Foi rebaixado para planeta-anão. Mas o que isso tem a ver com tecnologia? Bom, enquanto na Wikipédia o verbete destinado ao ex-planeta foi alterado horas após o anúncio da nova classificação pela UAI, os livros didáticos brasileiros só serão atualizados em… 2008.

O poder da produção colaborativa

Para os que não conhecem, a Wikipédia é uma enciclopédia colaborativa disponível gratuitamente e on-line. A essência da Wikipédia é a interação entre usuários e sua colaboração na geração de conteúdo. Em uma enciclopédia tradicional cada verbete é submetido a vários especialistas renomados para então se definir o que será publicado. Na Wikipédia qualquer um pode criar ou alterar verbetes. Aparentemente isso poderia causar o caos, mas o fato de milhares de pessoas interagirem fazendo feedback entre elas leva a um conteúdo, se não correto, muito próximo disso.

É de novo aquela história da sabedoria das multidões. O conhecimento agregado de cada pessoa se manifesta em artigos com qualidade comparável às melhores enciclopédias. A revista Nature fez um estudo e detectou, em média, 4 erros por artigo na Wikipédia contra 3 na Enciclopédia Britannica. Com um diferencial: após a descoberta dos erros a comunidade wikipediana corrigiu-os prontamente… enquanto isso, na Britannica… você sabe… só em um futuro distante…

Os livros estão mortos?

Não. Pelo menos por enquanto. Os livros ainda exercem papel fundamental no mundo moderno que é o de guardar informação. O grande problema sempre foi achar essa informação dentro deles. Mas a economia da Cauda Longa ajuda a manter os livros em alta: lojas virtuais como a Amazon permitem buscar palavras no interior de livros e o Google tem um projeto em andamento para digitalizar e, por conseqüência, facilitar a busca no conteúdo de todos os livros existentes. Aquele livro desconhecido, com a exata informação que você procura, não mais ficará perdido em uma prateleira empoeirada. Mas quando, em 2008, Plutão virar planeta-anão nos livros didáticos, pode ser que essa informação já esteja desatualizada.

Em defesa da privacidade

por Alexandre Fugita

[Orkut]O Ministério Público está movendo uma ação contra o Google do Brasil para obter informações de usuários que supostamente cometeram crimes em seu site de relacionamento, o orkut. A ação pode levar à multa e fechamento das operações da empresa no Brasil. O grande problema que vejo aí é a privacidade dos usuários do serviço. Se o MP vencer a ação e conseguir acesso às informações sobre usuários do orkut, abre-se um precedente para que todo tipo de informação de qualquer pessoa caia nas mãos da justiça.

Não à pedofilia e à intolerância

O alvo da ação do MP são os pedófilos e os que cultivam intolerância às minorias. Ok, são fora-da-lei. Mas crimes acontecem em todos os lugares. Alguém já viu a justiça querer fechar ruas de São Paulo pois cometem-se crimes nestes locais? Não estou defendo os pedófilos e muito menos os simpatizantes do ódio a qualquer categoria. Cada um tem suas razões para as coisas que faz e nada tenho a ver com isso.

Yahoo! e Microsoft já abriram as pernas

Enquanto todos discutem se o Google é “do bem” ou “do mal” em não permitir acesso a informações de supostos criminosos, a justiça brasileira já obteve acesso aos bancos de dados da Yahoo! e da Microsoft. No começo deste ano, lá no norte, o DOJ (algo como o Ministério Público dos EUA) fez uma solicitação aos mecanismos de busca para que revelassem informações de pesquisa de seus usuários. O objetivo era verificar a incidência de pessoas interessadas em pedofilia, intolerância e assuntos relacionados. Todo mundo (leia-se Yahoo!, MSN e outros) atendeu. Exceto o Google. Volto a repetir: não estou defendendo o crime. Apenas fico com medo que a privacidade vá para o brejo.

Os desejos da multidão

Um termo que ficou famoso na web é “wisdom of crowds“, algo como o desejo das multidões. Milhões de pessoas fazem pesquisas na internet diariamente. Se alguém observar o que estão procurando vai descobrir o desejo das multidões. Se você costuma procurar por conteúdo obscuro na internet (todos fazem, ninguém admite), pode ser vítima indireta dessa ação do Ministério Público. Em defesa da privacidade ainda torço para que a justiça não tenha acesso a esses dados, ou se tiver, que seja rigorosamente apenas o dos supostos criminosos.

[Atualização] O blog official do Google informa que acaba de associar-se ao NCMEC, grupo de combate à pedofilia. Enquanto isso a Microsoft diz que vai incluir em seu mensageiro instantâneo MSN um botão para denunciar pedófilos. Ótimo saber que eles se preocupam com o problema. Péssimo descobrir que o governo tem acesso a todos os seus dados…

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