A Cauda Longa

por Alexandre Fugita

[Capa do livro A Cauda Longa]Há cerca de um ano li um artigo chamado The Long Tail que descreve como empresas de internet utilizam o conceito da Cauda Longa para ganhar dinheiro. Entre os exemplos estão: Google, Amazon e iTunes. O artigo se desenvolveu em blog e agora virou o livro A Cauda Longa – do mercado de massa para o mercado de nicho (compre no Submarino), lançado este mês aqui no Brasil.

O que é a Cauda Longa?

A Cauda Longa é um fenômeno observado em empresas de internet que conseguem faturar com produtos de nicho tanto quanto, ou até mais que os tradicionais arrasa-quarteirão. Isso se tornou viável com o advento da internet já que a inexistência de limitação do espaço físico para exibição de produtos faz com que os mercados de nicho sejam explorados da mesma forma que o mercado de massas.

A prateleira infinita

Dizem por aí que a “regra dos 80/20” rege o faturamento das empresas, ou seja, 20% dos produtos representam 80% do faturamento. Se a loja é uma livraria, sabemos que a última aventura do Harry Potter vai vender tanto que representará uma parcela significativa do faturamento. Por este motivo a livraria acaba colocando em suas prateleiras aqueles títulos que têm mais chance de vender. Como o espaço físico de uma loja é limitado e tem um custo, só é possível disponibilizar uma quantidade limitada de títulos diferentes, exatamente aqueles que vendem. Faz sentido? Certamente.

Na internet tudo isso muda. Uma livraria virtual possui prateleiras de tamanho teoricamente infinito, cuja limitação é a quantidade de títulos oferecidos e não o espaço físico. Ao invés de disponibilizar apenas aqueles “xis” mil títulos que são os que mais vendem, é possível ter em catálogo um número muito maior. No livro “A Cauda Longa”, o autor Chris Anderson mostra que uma loja física de uma grande livraria nos EUA possui em média 100 mil títulos diferentes disponíveis. Ao mesmo tempo a loja virtual Amazon.com possui em suas “prateleiras” cerca de 3,7 milhões de livros diferentes. Note que o fato da Amazon possuir o título na “prateleira” não significa necessariamente que ele esteja em estoque.

[o gráfico da Cauda Longa]A grande descoberta veio da análise das quantidades vendidas dos produtos. Um estudo feito com a Amazon mostrou que, por ter uma “prateleira” maior de livros à venda, o faturamento dos livros menos polulares (fora dos 100 mil principais títulos) representava em torno de um quarto da receita. Analisando o gráfico (acima) temos a impressão de que são produtos que não vale a pena vender. Sim, isso é verdade para uma loja física tracional. No varejo da internet descobriu-se o poder da Cauda Longa e da prateleira de tamanho infinito.

O fim da era dos arrasa-quarteirão

Na economia da Cauda Longa, o que faz a diferença é a abundância, ao contrário da escassez que existia até então. Em um mercado que predomina a escassez o que faz sentido é explorar aquilo que vende mais, ou seja, os arrasa-quarteirão, os hits. Nesse novo conceito de negócios (a abundância da Cauda Longa) o não-hit acaba se tornando uma parcela importante do faturamento e concorre diretamente com os poucos e efêmeros sucessos do momento. Saber explorar isso tem feito empresas como o Google ou Amazon crescerem vertiginosamente, tornando-as gigantes da nova era.

A ironia é que um livro que analisa, entre outras, o fim da era dos arrasa-quarteirão acabou virando best-seller internacional.

Na blogosfera:

Os aniversariantes da semana

por Alexandre Fugita

[A web vai tornar o PC algo sem importância?]Esta semana duas tecnologias que permitem a existência deste e outros blogs fazem aniversário. Há 15 anos a primeira página web tornou-se disponível publicamente. E há 25 anos surgia o PC.

PC virou commoditie

Os PCs chegaram a tal ponto que hoje podemos considerá-los commodities. Evidência disso é que a IBM, criadora do PC, vendeu sua divisão de computadores pessoais a uma empresa chinesa (Lenovo) no final de 2004. Preferiu ficar com os serviços, que é onde está o lucro, a competir por preço em um mercado de commodities.

Web 2.0

A internet superou a primeira bolha e hoje vive uma segunda onda de crescimento, na qual a chamada web 2.0 (*) é a parte mais inovadora. A web 2.0 é na verdade uma nova forma de encarar os softwares. Ao invés de instalar programas no computador, o negócio é usá-los diretamente na web. Por exemplo: Google Spreadsheets (planilhas on-line do Google) vs Microsoft Excel (planilhas off-line da Microsoft).

A vantagem é que os serviços on-line sempre estarão atualizados na última versão e em geral são ferramentas de colaboração, ou seja, facilitam o trabalho em equipe. A desvantagem é que seus recursos muitas vezes são fracos em relação aos seus equivalentes off-line. Mas quem usa mais do 10% do que o Excel oferece?

(*) a discussão em torno do nome web 2.0 dá “briga”. O fato é que existem novos serviços na internet e alguém resolveu chamar essa nova onda de web 2.0. O nome pegou e não existe outra forma de se referir a isso.

E a privacidade foi pro brejo

por Alexandre Fugita

[Aol]Essa “estourou” no último fim de semana. Há alguns dias a AOL cometeu uma grande mancada. Liberou para consulta um arquivo com 20 milhões de termos de pesquisas feitas por cerca de 650 mil de seus usuários. Incluiu até o site visitado por cada pesquisa gerada. O grande erro foi ter ligado cada usuário a um número, o que permite inferir várias possibilidades e até identificar o autor da busca.

A base de dados de intenções descrita no livro A Busca (compre no Submarino | leia resenha), sobre o Google, finalmente tomou forma e mostra coisas assustadoras do ponto de vista da privacidade. Analisando os dados é possível descobrir potenciais homicidas, suicidas, tarados, viajantes, desempregados e outros tipos de intenções. Como as pessoas têm o costume de procurar o próprio nome nos mecanismos de busca (ego search), dá pra imaginar o problema que isso pode gerar.

Com a confusão montada, o site da AOL que continha essas informações foi tirado do ar, e a empresa pediu desculpas. Mas como tudo na internet, há cópias circulando por aí e sites analisando as informações para traçar o perfil dos usuários.

[Atualização] O jornal NY Times identificou a primeira pessoa nos dados da AOL: uma viúva de 62 anos que vive no estado da Geórgia (EUA).

Inventada a Máquina do Tempo!

por Alexandre Fugita

[ei, Doc, você inventou uma máquina do tempo em um Mac?]

De novo vou falar da Apple. É que nesta semana ocorre um evento da empresa em São Francisco, com algumas novidades. A apresentação inicial do Steve Jobs foi morna, mas interessante. Além das piadas sobre o Windows Vista, a Apple demonstrou algumas das funcionalidades da nova versão de seu sistema operacional, o Leopard. Uma das ferramentas mais interessantes é a Time Machine, uma forma de backup extremamente simples de operar, que impressiona pelos recursos. Literalmente viajamos de volta no tempo para achar aquela foto ou arquivo perdido. A audiência vibrou ao ver a demonstração.

Uma idéia simples, quase genial

Outro recurso muito interessante é a possibilidade de criar widgets com pedaços de páginas web. Simples e genial. Para quem não sabe, widgets são como pequenos programinhas que ficam flutuando na área de trabalho e que fornecem informações úteis. Explicando melhor: vamos supor um widget meteorológico. A sua função, única e exclusiva, é mostrar a previsão do tempo. E, flutuando na sua área de trabalho, faz exatamente isso. Parece inútil? … Faz um sucesso tremendo na internet!

Hasta la vista, Vista IBM

A Apple também acabou de vez com o uso dos chips IBM. Agora só Intel. O último produto que ainda rodava com processadores PowerPC ficou no passado e em seu lugar entrou o Mac Pro. A máquina é robusta e de acordo com a Apple, mais barata que um equivalente em hardware rodando Windows.

Leopard no horizonte

Resta saber: com lançamento previsto para o 2007, quem vai chegar primeiro? O Windows “adia todo mês” Vista ou o Mac OS “cool” Leopard?

O que a Apple vai aprontar desta vez?

por Alexandre Fugita

[Suposto banner da WWDC 2006]Dentro de alguns dias vai acontecer a WWDC, a conferência de desenvolvedores da Apple. Como não poderia deixar de ser, a blogosfera já está fervendo com os rumores. O mais cotado, além da nova versão do Mac OS X (Leopard), é um iPhone. O interessante é que saiu uma foto na internet (acima) do suposto banner que enfeitará o palco do show de Steve Jobs, o que só fez aumentar as apostas. Só espero que não seja aquela decepção que foi no começo do ano, quando todos esperavam grandes lançamentos e tudo que vimos foi um estéreo turbinado.

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