Você confiaria seus dados estratégicos ao Google?

por Alexandre Fugita

[Google, don't be evil!] O Google acaba de lançar um pacote que concorre com soluções vendidas pela Microsoft e IBM. Trata-se do Google Apps for your Domain (aplicativos Google para seu site), que nada mais é do que algumas de suas melhores ferramentas (Gmail, Calendar, Google Talk e Page Creator) integradas para uso corporativo. Deve entrar em breve nesta lista o Writely e o Spreadsheets (editor de textos e planilhas on-line respectivamente). Dentro das organizações esses aplicativos são caminho freqüente de informações estratégicas.

O problema

A Microsoft e a IBM oferecem soluções corporativas de email, calendário e integração. A grande diferença de ambas para o Google, é que em geral a solução está implantada em servidores próprios das empresas que compraram o produto(*), ou seja, o controle delas sobre as informações é total. O e-mail, parte central da comunicação interna e externa da maioria das organizações, fica vulnerável se estiver em poder de terceiros. O mesmo vale para calendário, planilhas e documentos. Você confiaria seus dados ao Google?

Universidades

Aparentemente o Google é uma empresa confiável, e seus serviços fazem enorme sucesso entre usuários finais. Internamente o lema corporativo informal é Don’t be evil (não seja mal). O serviço lançado agora é uma extensão do que já existia antes (Gmail for your Domain, desde fevereiro) com a integração de outras ferramentas.

Segundo Dave Girouard, VP de negócios corporativos do Google, o Gmail já é utilizado por centenas de universidades para prover email aos seus alunos e colaboradores. Essa é uma forte indicação de que provavelmente não há o que temer em relação à segurança da informação. Resta ao Google Apps a difícil tarefa de convencer CIOs de que sua ferramente é confiável.

(*) a Microsoft possui uma suíte on-line de aplicativos chamada Windows Live.

Plutão: Wikipédia 10 x Livros, zero

por Alexandre Fugita

Wikipédia, A enciclopéiaUma notícia interessante desta semana é que Plutão não é mais um planeta. Foi rebaixado para planeta-anão. Mas o que isso tem a ver com tecnologia? Bom, enquanto na Wikipédia o verbete destinado ao ex-planeta foi alterado horas após o anúncio da nova classificação pela UAI, os livros didáticos brasileiros só serão atualizados em… 2008.

O poder da produção colaborativa

Para os que não conhecem, a Wikipédia é uma enciclopédia colaborativa disponível gratuitamente e on-line. A essência da Wikipédia é a interação entre usuários e sua colaboração na geração de conteúdo. Em uma enciclopédia tradicional cada verbete é submetido a vários especialistas renomados para então se definir o que será publicado. Na Wikipédia qualquer um pode criar ou alterar verbetes. Aparentemente isso poderia causar o caos, mas o fato de milhares de pessoas interagirem fazendo feedback entre elas leva a um conteúdo, se não correto, muito próximo disso.

É de novo aquela história da sabedoria das multidões. O conhecimento agregado de cada pessoa se manifesta em artigos com qualidade comparável às melhores enciclopédias. A revista Nature fez um estudo e detectou, em média, 4 erros por artigo na Wikipédia contra 3 na Enciclopédia Britannica. Com um diferencial: após a descoberta dos erros a comunidade wikipediana corrigiu-os prontamente… enquanto isso, na Britannica… você sabe… só em um futuro distante…

Os livros estão mortos?

Não. Pelo menos por enquanto. Os livros ainda exercem papel fundamental no mundo moderno que é o de guardar informação. O grande problema sempre foi achar essa informação dentro deles. Mas a economia da Cauda Longa ajuda a manter os livros em alta: lojas virtuais como a Amazon permitem buscar palavras no interior de livros e o Google tem um projeto em andamento para digitalizar e, por conseqüência, facilitar a busca no conteúdo de todos os livros existentes. Aquele livro desconhecido, com a exata informação que você procura, não mais ficará perdido em uma prateleira empoeirada. Mas quando, em 2008, Plutão virar planeta-anão nos livros didáticos, pode ser que essa informação já esteja desatualizada.

Questão de segurança

por Marco Arribas

A guerra continua...[Original version in English here] Uma idéia corrente hoje em dia é que o Linux é melhor que o Windows em se tratando de ameaças de vírus e spywares. Usuários de Mac OS também dizem o mesmo, apontando duas causas principais: o número de vírus para Windows – certamente maior – e o nível de conhecimento de seus usuários. Eu concordo totalmente com o primeiro argumento, já que a maioria absoluta das pessoas usa PCs rodando Windows. Entretanto, o nível de conhecimento dos usuários é realmente importante?

Windows vs Mac vs Linux

Apesar da análise passional de seus respectivos usuários, não há dúvidas que o Windows é superior ao Linux e Mac OS, inclusive no número de malware. Motivos: popularizou fortemente a utilização de computadores, enquanto o Linux – uma herança Unix de geeks (afficionados em tecnologia) sem prentensões de lucro – e o Mac OS (fácil instalação de software, porém difícil de encontrar um que sirva) ficaram para trás. Gerações de empreendedores e usuários domésticos tiveram fácil acesso a computadores baratos e compatíveis. O Windows também permitiu aos empregadores diminuir custos, já que treinar pessoas para lidar com processadores de textos e planilhas eletrônicas de diferentes plataformas requer dinheiro, assim como paciência dos usuários.

Recomendações

Voltando ao assunto do nível de conhecimento dos usuários não ser importante, posso dizer que seguindo regras simples é possível reduzir de forma significativa as ameaças de vírus.

Primeiro, instale um software anti-vírus e depois, sabendo que a maioria dos vírus chegam por e-mail ou de sites suspeitos, preste atenção no que você está baixando. Há vários programas para Windows: se você está inclinado a gastar alguns trocados, McAfee e Norton são melhores que freewares (softwares gratuitos), como AVG e Panda. A propósito, usuários de Linux e Mac OS, quantos anti-vírus estão disponíveis para suas plataformas? (ok usuário Mac, que tal QUANTOS são gratuitos?). Hoje em dia não vale a pena acreditar que uma alma malvada não irá criar um vírus para seu sistema só porque você não está protegido.

Outra dica é manter seu sistema operacional sempre atualizado. E para completar, não se esqueça de checar a extensão do arquivo que você está baixando. Em geral, se você nunca notou, a extensão é formada por aquelas três letras logo depois do ponto em um arquivo de computador.

Identifique a ameaça

Não faça download de arquivos anexados ao email (nem mesmo se vierem de sua mamãe!) que tenham as seguintes extensões: .EXE, .COM, .BAT, .VBS, .CMD. Elas representam arquivos executáveis, o que significa que podem ser maliciosos. No caso da web, baixe estes tipos de arquivos apenas de sites confiáveis, ou seja, tenha cuidado com sites pornográficos e sempre verifique o endereço da web.

Bom, você recebeu um arquivo de seu amigo por email. Na maioria das vezes, a única decisão racional que você precisa tomar é se o anexo é uma música, um texto, foto ou vídeo. Isso é fácil:

  • músicas: mp3, wma, mid, aac, ogg
  • texto: doc (cuidado com vírus de macro), pdf, txt, asc
  • fotos: jpg, gif, png, bmp, tif
  • vídeo: avi, mpg, mov

Estes tipos de arquivo você pode baixar sem se preocupar, considerando que não há como eles enviarem instruções para o processador de seu computador(*).

(*) A vulnerabilidade Windows Metafile descoberta no final de 2005 permitia a uma imagem (extensão .wmf) executar código malicioso no seu computador rodando Windows, mas isso é assunto para outro post.

ORIGINAL VERSION in ENGLISH

A security matter

A common thought nowadays is that Linux is better than Windows regarding virus threats. Indeed, MacOS users claim the same, pointing out two main causes: the number of Windows viruses – surely much higher – and the level of knowledge of their users. I totally agree with the first argument, since the absolutely majority of people use Windows-based PCs. However, is the level of their users really important?

Windows vs Mac vs Linux

Windows is by no means inferior to Linux and MacOS about viral infection, despite the passion of their respective users. It also popularized enormously computer utilization, while Linux – a Unix heritage of computer geeks with no desire to make a profit – and MacOS (easy to install a software, but hard to find one) were put far behind. Generations of both home users and entrepreneurs were able to have easier access to cheaper and compatible computers. Windows permitted employers to decrease their costs as well, since training people, for instance to deal with a word processor or a spreadsheet program designed for different platforms, requires money as well as patience by the user.

Recommendations

Back on the issue of why the level of users is not important, I can say that by following simple instructions, it is possible to significantly reduce virus threats.

First, install any antivirus software, and second, since most virus are downloaded either by email or from malicious sites, pay attention to what you’re downloading. There are several programs for Windows: if you’re willing to spend some money, McAfee and Norton are better than freewares, like AVG and Panda. By the way, Linux and MacOS users, how many antiviruses are available? (ok MacOS users, what about how MANY are free?). It doesn’t pay these days to believe that some evil soul will not make a virus for your system just because you’re not protected.

Furthermore, don’t forget to check the file extension when you’re downloading a file. File extension is generally the three letters after the last dot of a computer file.

Threat identification

Do not download files from email (not even from your mamma!) that contain the file extension: .EXE, .COM, .BAT, VBS, CMD. These are all executable files, which means that they might be malicious. In the case of websites, download them only from trusted websites, i.e., be careful with x-rated sites and always check the web address.

Now, you’ve got a file from your friend by email. Most of times, the only reasonable decision to make is to decide if it’s a song, text, picture or video. Here it goes:

  • Songs: mp3, wma, mid, aac, ogg
  • Text: doc (but beware of macro viruses),pdf , txt, asc
  • Pictures: jpg ,gif ,png ,bmp ,tif
  • Video: avi, mpg, mov

You can download them without being worried, considering that these files cannot send any instructions to your computer processor.

That’s all folks,

Marco Arribas

Publicado sob autorização do autor.

Em defesa da privacidade

por Alexandre Fugita

[Orkut]O Ministério Público está movendo uma ação contra o Google do Brasil para obter informações de usuários que supostamente cometeram crimes em seu site de relacionamento, o orkut. A ação pode levar à multa e fechamento das operações da empresa no Brasil. O grande problema que vejo aí é a privacidade dos usuários do serviço. Se o MP vencer a ação e conseguir acesso às informações sobre usuários do orkut, abre-se um precedente para que todo tipo de informação de qualquer pessoa caia nas mãos da justiça.

Não à pedofilia e à intolerância

O alvo da ação do MP são os pedófilos e os que cultivam intolerância às minorias. Ok, são fora-da-lei. Mas crimes acontecem em todos os lugares. Alguém já viu a justiça querer fechar ruas de São Paulo pois cometem-se crimes nestes locais? Não estou defendo os pedófilos e muito menos os simpatizantes do ódio a qualquer categoria. Cada um tem suas razões para as coisas que faz e nada tenho a ver com isso.

Yahoo! e Microsoft já abriram as pernas

Enquanto todos discutem se o Google é “do bem” ou “do mal” em não permitir acesso a informações de supostos criminosos, a justiça brasileira já obteve acesso aos bancos de dados da Yahoo! e da Microsoft. No começo deste ano, lá no norte, o DOJ (algo como o Ministério Público dos EUA) fez uma solicitação aos mecanismos de busca para que revelassem informações de pesquisa de seus usuários. O objetivo era verificar a incidência de pessoas interessadas em pedofilia, intolerância e assuntos relacionados. Todo mundo (leia-se Yahoo!, MSN e outros) atendeu. Exceto o Google. Volto a repetir: não estou defendendo o crime. Apenas fico com medo que a privacidade vá para o brejo.

Os desejos da multidão

Um termo que ficou famoso na web é “wisdom of crowds“, algo como o desejo das multidões. Milhões de pessoas fazem pesquisas na internet diariamente. Se alguém observar o que estão procurando vai descobrir o desejo das multidões. Se você costuma procurar por conteúdo obscuro na internet (todos fazem, ninguém admite), pode ser vítima indireta dessa ação do Ministério Público. Em defesa da privacidade ainda torço para que a justiça não tenha acesso a esses dados, ou se tiver, que seja rigorosamente apenas o dos supostos criminosos.

[Atualização] O blog official do Google informa que acaba de associar-se ao NCMEC, grupo de combate à pedofilia. Enquanto isso a Microsoft diz que vai incluir em seu mensageiro instantâneo MSN um botão para denunciar pedófilos. Ótimo saber que eles se preocupam com o problema. Péssimo descobrir que o governo tem acesso a todos os seus dados…

A Cauda Longa

por Alexandre Fugita

[Capa do livro A Cauda Longa]Há cerca de um ano li um artigo chamado The Long Tail que descreve como empresas de internet utilizam o conceito da Cauda Longa para ganhar dinheiro. Entre os exemplos estão: Google, Amazon e iTunes. O artigo se desenvolveu em blog e agora virou o livro A Cauda Longa – do mercado de massa para o mercado de nicho (compre no Submarino), lançado este mês aqui no Brasil.

O que é a Cauda Longa?

A Cauda Longa é um fenômeno observado em empresas de internet que conseguem faturar com produtos de nicho tanto quanto, ou até mais que os tradicionais arrasa-quarteirão. Isso se tornou viável com o advento da internet já que a inexistência de limitação do espaço físico para exibição de produtos faz com que os mercados de nicho sejam explorados da mesma forma que o mercado de massas.

A prateleira infinita

Dizem por aí que a “regra dos 80/20” rege o faturamento das empresas, ou seja, 20% dos produtos representam 80% do faturamento. Se a loja é uma livraria, sabemos que a última aventura do Harry Potter vai vender tanto que representará uma parcela significativa do faturamento. Por este motivo a livraria acaba colocando em suas prateleiras aqueles títulos que têm mais chance de vender. Como o espaço físico de uma loja é limitado e tem um custo, só é possível disponibilizar uma quantidade limitada de títulos diferentes, exatamente aqueles que vendem. Faz sentido? Certamente.

Na internet tudo isso muda. Uma livraria virtual possui prateleiras de tamanho teoricamente infinito, cuja limitação é a quantidade de títulos oferecidos e não o espaço físico. Ao invés de disponibilizar apenas aqueles “xis” mil títulos que são os que mais vendem, é possível ter em catálogo um número muito maior. No livro “A Cauda Longa”, o autor Chris Anderson mostra que uma loja física de uma grande livraria nos EUA possui em média 100 mil títulos diferentes disponíveis. Ao mesmo tempo a loja virtual Amazon.com possui em suas “prateleiras” cerca de 3,7 milhões de livros diferentes. Note que o fato da Amazon possuir o título na “prateleira” não significa necessariamente que ele esteja em estoque.

[o gráfico da Cauda Longa]A grande descoberta veio da análise das quantidades vendidas dos produtos. Um estudo feito com a Amazon mostrou que, por ter uma “prateleira” maior de livros à venda, o faturamento dos livros menos polulares (fora dos 100 mil principais títulos) representava em torno de um quarto da receita. Analisando o gráfico (acima) temos a impressão de que são produtos que não vale a pena vender. Sim, isso é verdade para uma loja física tracional. No varejo da internet descobriu-se o poder da Cauda Longa e da prateleira de tamanho infinito.

O fim da era dos arrasa-quarteirão

Na economia da Cauda Longa, o que faz a diferença é a abundância, ao contrário da escassez que existia até então. Em um mercado que predomina a escassez o que faz sentido é explorar aquilo que vende mais, ou seja, os arrasa-quarteirão, os hits. Nesse novo conceito de negócios (a abundância da Cauda Longa) o não-hit acaba se tornando uma parcela importante do faturamento e concorre diretamente com os poucos e efêmeros sucessos do momento. Saber explorar isso tem feito empresas como o Google ou Amazon crescerem vertiginosamente, tornando-as gigantes da nova era.

A ironia é que um livro que analisa, entre outras, o fim da era dos arrasa-quarteirão acabou virando best-seller internacional.

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