O BlogCamp e a cobertura descentralizada

por Alexandre Fugita

 [BlogCamp] Hoje e amanhã teremos em São Paulo o BlogCamp, desconferência que visa discutir os rumos e papéis dos blogs no mundo atual, mais especificamente no Brasil.

O encontro ocorre no Espaço Gafanhoto, gentilmente cedido pelo VJ Cazé Peçanha. O boo-box apóia o evento patrocinando o welcome coffee e o BlogBlogs, ajudando nas camisetas. Todos os participantes ganham ainda uma assinatura semestral da revista Bites.

[Gafanhoto]

O mais interessante é a cobertura descentralizada que deverá ser feita pela blogosfera. Posts em blogs. Fotos no Flickr. notas no Twitter. Acompanhe:

Blogosfera em debate

por Alexandre Fugita

[Boombust: blogosfera em debate, imagem via Rec6] Esse fim de semana acontece em São Paulo o BlogCamp, desconferência de blogs brasileiros. Para aquecer os motores o Wagner Fontoura do Boombust promoveu uma série de debates virtuais na semana passada. Fui convidado, disse que ia participar, mas acabei deixando passar. Como as perguntas formuladas para mim foram muito interessantes e como o Wagner refez o convite, vou aproveitar a véspera do BlogCamp para responder aos colegas blogueiros minhas opiniões. Quem quiser acompanhar o debate que o meu grupo realizou, é só ler lá no blog do Tiago Celestino. Os demais posts do debate estão listados no fim deste texto. E o Leonardo Sales do Blogue Isso! está convidado para rebater minhas respostas.

Perguntas para o Fugita

Rodrigo Ghedin, do WinAjuda e BlogAjuda: Fala-se muito em popularização da informação, jornalismo colaborativo e tudo mais. Pegando carona na recente proposta de Tim O’Relly em criar um código de conduta, bem como na crítica de Andrew Keen aos blogs inconseqüentes, e também na malfadada campanha de marketing do Estadão, como você acha que os “blogs didáticos” devem ajudar/interferir nesta questão? Ou seja, é dever também desses blogs propagar idéias mais “filosóficas” sobre o blog enquanto meio de comunicação?

Fugita: Não sei se entendi o que você quis dizer com blog didático. Seriam os blogs que falam de blogs? De qualquer forma praticamente todos os blogs atingem públicos de nicho que confiam nas informações passadas pelo autor. Então acredito que todos devemos passar a nossos leitores as percepções de que blogs são meios confiáveis de informação. O código de conduta do O’Reilly foi um desastre. O livro do Andrew Keen é polêmico mas é só pra vender papel pois é uma verdadeira piada. O problema é que muita gente acaba acreditando nas besteiras faladas por ele. A campanha do Estadão só mostra que os blogs estão crescendo fortemente como fonte de informação.

Bruno Alves, do BrPoint: Quando tentamos passar nossas experiências, corremos o risco de entediar os leitores avançados ou deixar perdidos os usuários iniciantes, qual a melhor forma de contornar essa situação sem escrever um tratado em cada artigo?

Fugita: Essa é uma questão complicada. Sei que possuo muitos leitores avançados que conhecem melhor do que eu os conceitos que discuto no Techbits. Mas também sei que há leitores que estão começando a acompanhar discussões de tecnologia e muitas coisas ainda não entendem. O que eu tento fazer é linkar os conceitos complexos a uma fonte de informação que o esclareça. Algumas vezes chego a explicar esses conceitos mas acho que o melhor mesmo é linká-los e assim os leitores avançados seguirão em frente e os que não dominam o assunto poderão se informar melhor sobre o que se trata.

J.noronha, do Fim da Várzea: Se os blogs começarem a levar muito a sério a questão da responsabilidade, não estaremos correndo o risco de ver a blogosfera se transformar em uma reprodução da mídia tradicional online, cheia de dedos e cada vez mais fugindo de ter opiniões?

Fugita: Os blogs necessariamente precisam ter responsabilidade sem se eximir de opiniões. Por responsabilidade entendo apurar corretamente as informações, corrigi-las se algum leitor apontar erros. Opinião é diferente. Cada um tem a sua o que pode agradar ou desagradar os leitores. Se a opinião estiver embasada em dados apresentados, tudo ok. O que não pode acontecer é chutarmos a torto e direito algo sem saber justificar o que falamos. Se estivermos contra a maré os leitores se manifestarão. E essa é a beleza dos blogs. Passamos informação com pitadas de opinião.

Mais debate pela blogosfera:

Deixando a sabedoria das multidões fluir

por Alexandre Fugita

[rec6] Acredito que a maioria dos leitores do Techbits estão familiarizados com mecanismos de social news tipo Rec6 e Digg. Neles podemos publicar links para notícias que achamos relevantes e também votar nas que parecerem interessantes. As melhores, segundo a sabedoria das multidões, acabam na capa dos serviços e costumam trazer visitantes.

Recentemente surgiu uma discussão no BrPoint sobre se há algum problema em publicar no Rec6 seus próprios posts. Li quase todos os comentários e praticamente é unanimidade que não há mal algum já que o pós-filtro dos votos trata de eliminar tudo que for ruído.

Apesar de eu já ter beneficiado o Techbits com posts lá – sim, fiz muita auto-divulgação no ano passado – cheguei à conclusão que é melhor não promover os próprios artigos em sites de social news como o Rec6. Explico: para a sabedoria das multidões funcionar plenamente é necessário que todos ajam independentemente, sem tentar “jogar” com o mecanismo, apenas por vontade própria.

Ou seja, ao colocarmos nosso próprio artigo no Rec6 estamos, em parte, jogando com o sistema e prejudicando a verdadeira sabedoria das multidões.

Leia mais:

Estadão com medão dos blog-inhos

por Alexandre Fugita

[Estadão: fazendo inho...]Vi na TV: mulheres falando sobre homens… e tascam a pérola: “homens ruivos e com aparelhos nos dentes têm mais chance de ficarem ricos”. Tiraram essa verdade dos blogs de dois garotos ruivos e que usam aparelho dentário. Conclusão: blogs são fontes não confiáveis de informação. Essa é uma campanha do portal Estadão que está causando buzz gigantesco na blogosfera brasileira. É só ver a capa do Rec6 deste Sábado para se ter uma idéia do que estou falando. Pelo menos 11 textos das 20 entradas possíveis referem-se à polêmica que a campanha causou.

Isso claramente mostra o medo que a mídia tradicional centenária – o jornal Estadão está por aí desde o século XIX – tem da democratização da distribuição da informação. Hoje todo mundo pode ter um blog. Antes de Gutenberg o domínio do que era publicado ficava nas mãos da Igreja. Só ela possuia os recursos para pagar escrivãos, ou seja lá como se chamavam os que escreviam. No Egito antigo o cargo de escriba tinha status gigantesco. Publicar algo era caro. Caríssimo.

Gutenberg veio e diminuiu os custos. Mais pessoas puderam publicar. Ainda era caro, mas muito mais fácil divulgar livros e jornais com tiragens grandes. Foi em algum lugar, por esta época, que surgiu o Estadão. Agora vieram os blogs e o conteúdo colaborativo . De novo, os custos de publicação caíram. Só que desta vez para quase zero. Sem contar que o advento do adsense tornou possível a monetização destes sites. Agora todos são publishers e todos são anunciantes.

Não culpo o Estadão por morrer de medo dos bloguinhos. Hoje com um blog gasta-se poucos reais ao invés de milhões para ter alcance global. Imprimir está fora de moda. Claro, é necessário qualidade para sobreviver na multidão. E a blogosfera tem mostrado qualidade de sobra. Isso dá um medão no Estadão. Ah, homens japoneses que possuem blogs de tecnologia têm mais chance de ficarem ricos do que ruivos de aparelhos…

Mais polêmica:

Darwnismo digital

por Alexandre Fugita

[Digital Age] A primeira palestra do segundo e último dia do Digital Age 2.0 foi sobre darwinismo digital. Quem vai sobreviver no mundo dos bits, quem vai se destacar da multidão? Joseph Crump, diretor executivo de criação da agência Avenue A/Razorfish explicou citando as seis leis do darwinismo digital:

  1. consumidor está no controle: interage através de blogs e comunidades
  2. banda larga dá esse poder ao consumidor: a informação chega e é compartilhada de forma rápida
  3. lealdade às marcas está caindo: ou seja, mudar para o concorrente no mundo digital está a apenas um clique do mouse
  4. marcas agora são digitais: todo mundo está na internet
  5. você tem milissegundos para impressionar: é necessário chamar a atenção dos eyeballs imediatamente
  6. copiadores não sobreviverão: seja autêntico e original. Cópias não chamam atenção.

Ou seja, para sobreviver na selva de bits, um pouco de jogo de cintura e mente aberta a inovações se faz necessário.

[Copycats]

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