Segurança: dá pra confiar na Microsoft?

por Alexandre Fugita

[McAfee vs Microsoft] Na semana passada o mundo da segurança em desktops entrou em guerra. A McAfee diz que a colaboração da Microsoft na área de segurança mudou e está diminuido. E aponta o motivo: OneCare, serviço de anti-vírus lançado pela gigante de Redmond há alguns meses. A questão que surgiu naquela época e que voltou à tona agora é: dá pra confiar a segurança do seu computador à Microsoft, sabendo que é ela mesma quem produz o Windows cheio de problemas?

Windows Vista: mais seguro

Uma das fraquezas do Windows XP é no quesito segurança. Somente após o patch SP2 é que a segurança parece ter ficado forte. Faça um teste: coloque uma máquina com o Windows XP recém instalado na internet. Não dá 5 minutos e começam a aparecer estranhas mensagens, sinal de que seu computador foi de alguma forma invadido. E você nem navegou na web. Isso não acontece com o XP SP2, ainda bem.

No Windows Vista a segurança é prioritária. Talvez isso explique os seguidos atrasos no lançamento do sistema operacional. A característica que a McAfee está reclamando é o acesso ao kernel, algo como o núcleo do sistema operacional. No Vista, a Microsoft fechou esse acesso de tal forma que complicou a vida de concorrentes. Mas faz todo sentido: a segurança aumenta.

Segurança fora de vista

Em junho deste ano a Microsoft lançou o OneCare, seu próprio serviço de segurança para o Windows. Na época as discussões giraram em torno da confiança que deveríamos dar ao OneCare, já que foi criado exatamente para proteger o Windows, ambos produtos da mesma empresa. Ou seja, você cria um produto com problemas de segurança e vende a solução para tapar os buracos. Faz sentido? Seria melhor colocar esforços em criar um Windows com menos problemas a vender separadamente uma forma de saná-los.

O medo da McAfee e outras fornecedoras de anti-vírus e firewalls, é ficar para trás no mercado de segurança. Injustificado. Sempre vai existir mercado para ela. Duvido que o Windows Vista não tenha problemas de segurança e não creio que o OneCare consiga lidar com todos eles. Ah, e dá pra confiar na segurança do Vista? Só o tempo dirá…

O Google vai dominar o mundo…

por Alexandre Fugita

[Google Tube] Os rumores mais quentes indicam que o Google pretende comprar o YouTube. Pelo menos é isso que está pipocando pela web nesta sexta-feira. O crescimento surpreendente do Google desde seu surgimento, há 8 anos, é motivo de previsões bem humoradas de fusões, aquisições e domínio dos mercados. Se realmente os rumores se concretizarem, só uma coisa: don’t be evil.

GoogTube (Google + YouTube)

O TechCrunch, blog voltado para discussão da web 2.0, colocou lenha na fogueira ao dizer que, conversando com empreendedores de capital de risco, há indícios do interesse do Google na aquisição do YouTube. Mark Cuban, um investidor bilionário pontocom e que dedica parte de seu tempo a um blog que analisa tecnologia, diz que só um idiota compraria o YouTube. Lista os problemas com direitos autorais e gastos com banda, entre outros. Analistas dizem que se alguém comprar o YouTube, e tirar todo o material que de alguma forma fere direitos autorais, o site ficará sem graça.

Gapple (Google + Apple)

Virou esporte criar nomes para possíveis associações do Google. Um desses nomes surgiu há pouco mais de um mês quando a Apple anunciou que Eric Schimidt, CEO da Google, passaria a integrar o conselho administrativo da empresa da maçã.

Googlezon (Google + Amazon)

[Googlezon] No final de 2004 um vídeo divertido foi divulgado na internet prevendo várias coisas. Entre elas estava a fusão do Google com a Amazon e o fim dos jornais de papel como conhecemos. Assista: EPIC 2014 e 2015 (original em inglês | dublado para o português)

Don’t Be Evil

O grande problema para o Google é crescer e continuar com boa fama. Episódios recentes mostram conflitos com o seu lema interno. Aceitaram as condições do governo chinês para atuar naquele mercado (Yahoo! e Microsoft já tinham aceitado as mesmas condições antes), evitam a todo custo colaborar com a justiça brasileira no caso do orkut (parece que o problema está no MP que não sabe fazer as requisições corretas), negaram ao governo americano o acesso a dados aleatórios e anônimos de buscas feitas por seus usuários.

O primeiro caso envolve um tipo de censura. O Google diz que é melhor os chineses terem acesso a algumas informações do que a nenhuma. Os outros dois casos envolvem a privacidade. E como já disse, defendo a privacidade.

Redes celulares 3G unificadas

por Alexandre Fugita

[celular] Na Futurecom, evento de Telecom e TI que termina hoje em Florianópolis, surgiram discussões sobre unificar redes celulares da nova geração, a chamada 3G. A idéia, que visa reduzir custos e manter o foco das celulares em seu core business, foi defendida pela Vivo e Anatel. Com a implantação de uma rede W-CDMA unificada as empresas poderiam se dedicar mais à prestação de serviços e melhoria de metas de qualidade. E o melhor: a competição aumentaria o que sempre traz benefícios a nós, usuários.

Amortização e subsídio

A tecnologia evolui muito rápido. Aqui no Brasil os celulares analógicos surgiram na década de 1990. Em 1996 a concorrência aumentou com a entrada da banda B e seus celulares digitais. Em 2002 começaram as operações GSM. Agora já se fala em implantar uma rede 3G real no padrão W-CDMA. Cada mudança de tecnologia exige grandes investimentos, com prazo cada vez mais escassos para amortizar isso no balanço das empresas.

Outro fato que gera buracos nas celulares é o subsídio a aparelhos. Já se fala em sair do mercado de aparelhos celulares e deixar isso nas mãos dos fabricantes. Foi o que a Oi fez meses atrás. Não dá pra ficar tomando prejuízo em um setor altamente competitivo.

Os motivos da Vivo

A Vivo recentemente resolveu implantar uma rede GSM em paralelo à sua rede CDMA. Estava perdendo market share e dinheiro. Compensa mais à Vivo construir uma nova rede GSM do que ficar bancando subsídios dos caros telefones CDMA. Segundo o presidente da empresa a proposta de rede unificada para o W-CDMA não tem a ver com o mudança da empresa para o GSM. Vale lembrar que o W-CDMA é a evolução natural do GSM.

Então quais seriam os motivos da Vivo? Já que estão construindo uma rede GSM, ou seja, investindo pesado, vem a calhar o compartilhamento de uma futura rede 3G W-CDMA no sentido de diminuir custos. A Vivo cita o sucesso da Visanet e Redecard. Elas administram redes de transmissão de informações financeiras para cartões de crédito e débito e foram criadas em conjunto, por empresas concorrentes, para diminuir custos com a sobreposição de infra-estrutura.

Serviços, o pote de ouro

Rede celular unificada, ou seja, o sinal de todas vai ser o mesmo. W-CDMA, ou seja, a mesma tecnologia. Call center terceirizado ruim… Puxa, então qual a diferença em comprar um celular de uma ou outra operadora? Serviços, essa é a resposta. O desafio das celulares é conseguir aumentar a receita média por assinante. Oferecer serviços diferenciados e um melhor atendimento é a solução.

(*) o blogueiro do Techbits não viajou a Florianópolis a convite de ninguém. Ficou em sua cidade mesmo…

O LOST e o novo paradigma da distribuição de conteúdo

por Alexandre Fugita

[Lost] Hoje estréia nos EUA a terceira temporada da série Lost. O que isso tem a ver com tecnologia? Fora o fato de todos os geeks assistirem, a pergunta é: como esses geeks vão assistir se a temporada, como já disse, estréia nos EUA e não no Brasil…? Fácil: BitTorrent. Pra quem não sabe o BitTorrent é uma forma rápida de compartilhar arquivos. Claro, a indústria de filmes, músicas e seriados enxerga essa tecnologia como o inimigo. Mas chegou a hora de eles entenderem que o modo tradicional que usam para distribuir conteúdo precisa de uma reviravolta urgente pois estão sendo atropelados pela tecnologia.

O novo broadcast

As formas tradicionais de distribuição estão com os dias contados. Nos dias atuais ser fã de um programa de TV é um problemão pois o tempo é escasso e nem sempre estamos disponíveis para ver a transmissão. As emissoras de TV e rádio também sofrem do mesmo problema pois o tempo disponível em suas grades de programação limita-se às 24 horas do dia. Ok, existe o videocassete pra gravar tudo isso. Existe? Atualmente aqui no Brasil as TVs a cabo distribuem conversores digitais que, entre outras funções, também gravam programas. Uma espécie de TiVo, muito comum nos EUA. Parte do problema está resolvido.

Mas vem da internet a solução completa: o tempo não é mais um problema pois assistimos de acordo com nossa disponibilidade e não seguindo as vontades do programador da emissora de TV. O conteúdo pode ser refinado de acordo com os gostos pessoais, ou seja, vamos gastar o tempo disponível apenas com o que realmente nos interessa. Achar tal conteúdo é facilitado pelos mecanismos de busca. Isso tá com cara de economia da Cauda Longa

O fim das mídias físicas

Ontem mesmo saiu um artigo no qual um executivo da Sony prevê o fim das mídias físicas no prazo de 5 anos. Estranho… deixa eu entender: não é a Sony que está gastando bilhões para emplacar o Blu-Ray? Mas então o que esse executivo da Sony está falando? Parece que eles finalmente entenderam que ninguém se importa com a guerra particular do HD-DVD vs. Blu-Ray. Que as mídias físicas descansem em paz (e se possível levem o DRM junto…).

Apesar de já existirem exemplos do novo broadcast (Amazon Unbox ou a Apple ITMS, entre outros) a indústria ainda teme entrar de vez neste mercado. Quanto mais demorarem, pior. A estréia da terceira temporada do Lost, que deveria ser restrita aos EUA mas pode ser considerada mundial, é uma prova disso.

Esqueça o outsourcing. O negócio agora é o crowdsourcing

por Alexandre Fugita

[crowdsourcing ]Claro, estou exagerando. Há alguns meses um artigo na revista Wired chamado The Rise of Crowdsourcing mostrou como a multidão pode ajudar organizações a completar tarefas e diminuir custos. O crowdsourcing é o “novo lugar da mão-de-obra barata: pessoas no dia-a-dia usando seus momentos ociosos para criar conteúdo, resolver problemas e até mesmo para pesquisa e desenvolvimento”.

Netflix

[Netflix] A Netflix é uma locadora de DVD’s dos EUA que aluga filmes pela internet e entrega pelos correios. Quebrou paradigmas e fez a Blockbuster rever seu negócio. Mas o que traz a Netflix para este artigo é que acabam de anunciar um prêmio de US$ 1 milhão a quem (sim, qualquer pessoa) desenvolver um algoritimo 10 % melhor no quesito sugestão de filmes do que o sistema atual deles. Já que exploram a Cauda Longa dos filmes, querem que as sugestões atinjam de forma mais certeira os gostos pessoais de cada um. É a essência do crowdsourcing: colocam a multidão para trabalhar e se alguém conseguir resultados, pagam.

Google

Recentemente o Google lançou um jogo on-line chamado Google Image Labeler. Um claro exemplo de crowdsourcing. As duplas precisam dar nomes às imagens que vão aparecendo na tela. Ganha-se pontos se os dois (desconhecidos entre si, localizados em diferentes partes da Terra) derem o mesmo nome à figura. Parece algo idiota mas é na verdade uma grande sacada. Ao invés de contratar pessoas para identificar as imagens, o Google resolveu usar o poder da multidão para completar a tarefa. Pessoas aleatórias ao redor do mundo jogam em duplas e ganham pontos. Essa é a recompensa delas. Dessa forma o Google[bb] consegue identificar milhões e milhões de imagens de forma rápida e barata.

DARPA

[Stanley, o vencedor do DARPA Grand Challenge 2005] Não, nada a ver com o seriado Lost. Lá a sigla onipresente é DHARMA. O DARPA é um órgão militar do governo americano que faz pesquisas. E não é que eles usam o crowdsourcing para melhorar essas pesquisas? Desde 2004 organizam uma competição de carros robôs guiados por inteligência artificial. No ano passado finalmente um carro totalmente controlado por computadores conseguiu terminar a prova realizada no deserto. O próximo desafio é um carro inteligente conseguir trafegar em vias urbanas. Claro, os vencedores ganham um prêmio.

Juntando as peças

A Netflix e o DARPA procuram soluções para seus problemas. Mas investir internamente ou contratar outra empresa para realizar pesquisas sairia muito caro. A solução encontrada é deixar a multidão pensar. Centenas, milhares, talvez milhões de pessoas em um brainstorm. Uma ou outra idéia boa deve surgir, mas quase tudo é lixo. A vantagem: só se paga por resultado, ou seja, o custo pode parecer alto, mas dividido pela quantidade de cérebros envolvidos, acaba sendo um ótimo negócio.

O Google não paga em dinheiro, e sim em pontos. Dos pontos surge um ranking que gera satisfação para os que lá figuram. Tarefa realizada. E melhor: nada de problemas trabalhistas.

Siga-nos no Twitter Nossa página no Facebook Assine o RSS Receba os posts pro email