23 setembro 2006
por Alexandre Fugita
Não, não sou ativista contra a Microsoft. Uso diariamente software deles mas encontrei substitutos muito bons para coisas como processador de textos, planilhas e calendário. O conceito de software do Google é bastante diferente daquilo que a Microsoft oferece atualmente. E na minha humilde opinião, melhor.
Google vs. Microsoft (ou o novo vs. o antigo)
No pacote office da Microsoft precisamos instalar programas no computador. Os documentos gerados são salvos, na maioria das vezes, localmente em sua própria máquina. Ou seja, são acessíveis apenas daquela máquina. No pacote office do Google não precisamos instalar nada. Só há a necessidade de ter um navegador moderno (IE, Firefox, Safari, Opera), algo que a maioria dos computadores já possuem. Os documentos gerados são salvos nos servidores do Google. São acessíveis de qualquer computador que possua acesso à internet. Viu a diferença?
Colaboração, esta é a chave
Nos serviços do Google é possível compartilhar os documentos com outras pessoas. E mais, elas podem editar ao mesmo tempo que você os edita. Acredite, isso é uma grande vantagem. Não há necessidade de ficar enviando por email a nova versão do documento para os colaboradores. Com os softwares do Google todos têm acesso ao mesmo tempo à última versão do documento. Depois de começar a usar algo com esse conceito é quase impossível voltar para o modo antigo. No pacote da Microsoft ao mudar uma vírgula você terá que enviar a nova versão para os colaboradores. E se o outro também mudou suas vírgulas? Aí tudo complica… Viu a diferença?
Além disso os arquivos sempre podem ser baixados para seu computador nos formatos padrões do Word (.doc), Excel (.xls) ou ainda em PDF.
Writely, o editor de textos on-line
O Writely é um editor de textos on-line com as principais funções de seu equivalente MS Word. Todos os textos deste blog são editados no Writely, desde o começo. O Writely foi comprado pelo Google no início deste ano, tornou-se beta público há cerca de um mês e nesta semana passou a integrar definitivamente os serviços web do Google ao aceitar o Contas Google como forma de login.
Spreadsheets, a planilha on-line
O Google Spreadsheets é uma planilha on-line que rivaliza com seu equivalente MS Excel. Possui as funções principais usadas em uma planilha e não decepciona. Permite edição simultânea e também já integra chat para conversar com quem estiver editando o mesmo documento naquele momento. Só não possui ainda suporte a macros. Mas quantos usam isso?
Agenda, o calendário on-line
O nome em inglês do serviço é Calendar. Essa semana foi lançado em português com o nome de Agenda. É o melhor gerenciador de agendas que conheço. É possível compartilhar parte dos compromissos com as pessoas que precisam saber (ideal para agenda de negócios ou para casais que querem gerenciar melhor o tempo), entre outras vantagens.
Google em overdrive
O Google está em overdrive. Parte desta constatação é que recentemente lançaram o Google Apps for your Domain (Aplicações Google para seu Site). Uma integração de seus melhores serviços destinadas às pequenas e médias organizações. A questão que fica é: você confiaria seus dados ao Google? Eu confio.
Leia também:
Google Docs, o office on-line
21 setembro 2006
por Alexandre Fugita
Se você acabou de cair na Terra e nunca ouviu falar do YouTube, pare de ler imediatamente e vá visitar o site. O YouTube é um sucesso. Já passaram por lá Vanucci, Ronaldinho, a novela Páginas da Vida e mais recentemente Cicarelli (*). O grande problema que muitos apontam é que o site, com um tráfego imenso, não tem receita suficiente para pagar por seu uso de banda. E o dinheiro recebido de capital de risco no final de 2005, está acabando. Mas isso está para ser resolvido. O NY Post de hoje traz uma matéria que informa que o valor de venda do site seria de US$ 1,5 bilhão… e há interessados.
100 milhões de vídeos por dia
Em julho o YouTube transmitia 100 milhões de vídeos por dia. Recentemente estatísticas mostraram que o YouTube já havia passado quase 10 mil anos de vídeos. Essa grande visitação é um ponto forte para a venda do site que poderia ser explorado com anúncios. Hoje há anúncios do Google Adsense. O ideal seria colocar propaganda nos vídeos. Mas como boa parte do material do YouTube infringe leis de direitos autorais (90% segundo estimativas), colocar anúncios dessa forma exige primeiro regularizar a situação dos vídeos.
YouTube com os dias contados
Mais polêmico, o blogger Mark Cuban diz que o YouTube está fadado ao fracasso. Aponta duas evidências: primeiro pergunta “por que usar minha largura de banda para vídeos se posso obter isso de graça?”. Blogs, sites, emails, qualquer coisa que aceite códigos HTML pode ter um vídeo do YouTube sem usar a própria banda. Uma verdadeira torneira aberta que joga custos lá no alto.
O segundo motivo é o problema de vídeos que infringem leis de direitos autorais. O YouTube retira do ar material postado irregularmente após solicitação dos detentores dos direitos legais. Mas por enquanto a maioria das empresas de mídia parece não se preocupar com isso (exceto a Universal). Estão esperando para ver no que vai dar. O Google mostrou que a busca aumenta o interesse (e os lucros). Talvez o YouTube prove o mesmo para os vídeos.
O ValleyWag aponta que o YouTube encontra-se em uma encruzilhada: debatendo o recente acordo do site com a Warner para distribuição de conteúdo, diz “este acordo é a mudança do YouTube do ‘nós adoramos nossos usuários’ para o ‘putz, precisamos ter lucro’ “.
O YouTube, a Busca, e a Cauda Longa
O sucesso do YouTube está ligado a dois fatores presentes nas organizações de maior sucesso da internet: A Busca e a Cauda Longa. Por busca entende-se a facilidade de achar vídeos interessantes no site que são taguizados, característica da web semântica e web 2.0. Quando se trata da Cauda Longa podemos dizer que há mercado para todo tipo de conteúdo e que o barateamento da distribuição permitida pelo YouTube, juntamente com o poder da busca, cria esse que é um dos mais recentes sucessos da web.
Leia também:
(*) fora do ar no YouTube, mas disponível por aí pela internet…
20 setembro 2006
por Alexandre Fugita
Há algumas semanas muitos ficaram animados com o surgimento de um navegador da web que se dizia proteger a privacidade. A máscara caiu dias depois ao descobrirem que o Browsar era na verdade um adware. Agora surgiu um novo navegador que promete privacidade. E parece que desta vez estão corretos.
Torpak
O Torpak é uma navegador baseado no Portable Firefox (versão portátil do Firefox, que permite instalar o programa em um pen-drive). A navegação é anônima pois os dados trafegados entre você e o site que está visitando passam por uma espécie de VPN (Rede Privada Virtual) criptografada através da rede TOR (The Onion Router). Portanto, em tese, não há como saber sua localização. Mas se você entrar no seu email, ou qualquer outra página que exija login, saberão que é você.
TOR – The Onion Router
O TOR é um sistema de colaboração que permite aos usuários navegarem anonimamente na internet. Trata-se de um projeto financiado pela Electronic Frontier Foundation (EFF), entidade que luta pelos direitos digitais na era da informação. O TOR funciona roteando o seu tráfego criptografado através de vários computadores espalhados na internet e liberando finalmente para a web em algum ponto aleatório. Isso torna difícil saber a quem pertence aquele tráfego, aumentando dessa forma a privacidade na rede.
O Torpak facilita as coisas para o usuário. Instalar o TOR “na mão” é um pouco complicado (como já fiz há algum tempo atrás). Outro problema do sistema é a velocidade. Como os dados são criptografados e passam por vários computadores antes de cair definitivamente na internet, os gargalos ficam por conta do tipo de conexão que os usuários disponibilizam para contribuir com o serviço. Em geral tudo fica lento, muito pior que uma conexão discada à internet.
Privacidade vs. Legalidade
Privacidade é importante. Nem todos acham assim. Na medida que este sistema impede a localização do IP de quem está acessando sites, pode permitir o uso ilegal da ferramenta. Essa é uma questão complicada: privacidade vs. legalidade. Tanto é que recentemente a polícia alemã desligou alguns servidores do TOR (os nós por onde o tráfego finalmente sai para a internet) sob alegação de que uma investigação sobre pedofilia apontava para seus IP’s. Mas como o TOR foi concebido para manter seus usuários no anonimato, apreender tais máquinas não acabou com o problema.
18 setembro 2006
por Alexandre Fugita
Parece óbvio, mas não é. Vejo pessoas maravilhadas com o wi-fi. Dizem checar e-mails durante o almoço, fazer ligações via Skype lá na cafeteria, milhões de coisas. Dão os créditos à mobilidade que a tecnologia proporciona. Eu também acho interessante e uso esporadicamente redes sem fio espalhadas pela cidade. Só existe um problema: o wi-fi, restrito aos hotspots, não pode ser considerado a verdadeira internet móvel.
A mobilidade fixa
Os hotspots wi-fi (802.11b e g) possuem alcance teórico máximo de 100m de raio ao redor da antena. Na prática, com as paredes e outras influências do ambiente esse raio fica bem menor: em torno de 40 m. Chamo o wi-fi de mobilidade fixa pois o seu equipamento é móvel (notebook ou pda) mas o ponto de acesso é fixo e de tamanho limitado. Não dá pra acessar a internet via wi-fi de qualquer lugar. Você precisa se dirigir a um hotspot que , em geral, é pago e fica dentro de um estabelecimento comercial (café, restaurante, bar, universidade, hotel, aeroporto). E para “não ficar chato” você acaba consumindo algo, quase que um tipo de venda casada, afinal você já pagou por seu provedor de wi-fi (Vex ou Telefônica).
As vantagens da rede celular
Imagine dois estabelecimentos próximos que disponibilizam redes sem fio da mesma empresa, por exemplo a Vex. O sinal de um estabelecimento não é captado no interior do outro, mas na rua há um ponto em que se capta ambos os sinais. Vamos supor que você esteja no Skype em seu pda. Está em um dos estabelecimentos e resolve ir ao outro, andando. Apesar de existir uma intersecção válida entre as duas redes, sua conexão cairá. Não existe transição suave mesmo que as redes sejam fornecidas pela mesma Vex. Será necessário logar-se novamente ao chegar ao segundo estabelecimento.
Isso não ocorre em uma rede celular. Em qualquer lugar que houver sinal contínuo, será possível passear por dezenas de antenas e sua conexão com a internet não cairá. Essas redes wi-fi ainda não possuem uma tecnologia capaz de fazer essa transição suave e transparente. A solução está nas redes sem fio do tipo mesh, que já existem mas são raras.
Outra vantagem da rede celular é a ampla disponibilidade, ou seja, uma mobilidade móvel. Não é necessário encontrar o hotspot mais próximo. Não é necessário entrar em algum estabelecimento e consumir algo. A internet está disponível até no meio da rua e em qualquer lugar que tenha rede celular compatível. O problema agora seria abrir o notebook e sentar-se na calçada… (por isso leve sempre um pda no bolso!)
Segurança
O wi-fi oferecido pela Vex e Telefônica não é criptografado (rede aberta) e por este motivo, inseguro. Não há criptografia pois seria um complicador a mais para o usuário dos serviços. O tráfego de dados fica exposto. Qualquer um com o software correto consegue “ver” o que está passando pela rede. Pode capturar senhas, ler e-mails. Um atentado à privacidade. Por isso tome cuidado quando for usar wi-fi em redes abertas.
Já a rede celular é mais segura. “Invadir” o sinal para saber o que está trafegando exige muito mais trabalho. Mas mesmo assim todo cuidado é pouco. Sinais de rádio trafegam pelo ar. E o ar, todo mundo sabe, é livre… o sinal pode ser captado e desembaralhado.
Preço vs. Mobilidade
A decisão por qual tecnologia usar leva em conta o equilíbrio entre preço, mobilidade e necessidade. Uma rede celular para acesso à internet é cara mas ao mesmo tempo, ampla e segura. Uma rede wi-fi é mais barata e restrita a poucos lugares. A sua necessidade é que fará você escolher entre uma ou outra. Na dúvida, use um smartphone com wi-fi. Terá em mãos o melhor dos dois mundos e viverá conectado. Ou aguarde o WiMax.
17 setembro 2006
por Alexandre Fugita
Lançado na semana passada, o tocador portátil de músicas e vídeos da Microsoft foi bem recepcionado pela multidão. Passado o encanto inicial, começaram os problemas. O Zune foi considerado inovador pois consegue enviar via wi-fi músicas para outros Zunes. Mas também inova em outra categoria: põe DRM até nas músicas e vídeos criados pelo próprio usuário.
O que está acontecendo…
Quando era apenas um rumor, a idéia de compartilhar músicas via wi-fi era ótima. Quando foi mostrado na última quinta-feira, pareceu muito legal. Após passar pela análise da multidão, tornou-se a pior característica do Zune. Se você compra uma música na loja da Microsoft, eles têm todo o direito de proteger o arquivo digital com DRM. Mas e se você mesmo compôs e gravou a música? E se você mesmo gravou aquele vídeo no fim de semana na reunião com amigos? Tudo isso ganha DRM quando transferido pelo wi-fi do Zune.
Microsoft DRM vs. Creative Commons
No MySpace muitas bandas desconhecidas divulgam música usando a licença Creative Commons. Se a banda usar a mesma licença que este blog usa para seu conteúdo, a música pode ser compartilhada e alterada, desde que o autor seja citado, o trabalho resultante use o mesmo tipo de licença e que o uso não seja comercial. Pois bem: o blog dos criadores do Zune informa que não há como saber que tipo de arquivo está sendo transferido e, portanto, tudo fica dentro do envelope do DRM da Microsoft. Mesmo uma música sob licença Creative Commons fica restrita ao prazo de três dias ou tocar três vezes (o que vier primeiro) do DRM da Microsoft.
Fizeram quase tudo certo. Menos isso. Quem disse que o Zune é um iPod killer? Está mais pra Zune killer mesmo…
Um blog sobre DRM…
De tanto escrever sobre o assunto, quase dá pra ter um blog só sobre DRM. Todo dia ia ter o que escrever. A nuvem de tags (coluna à direita nesta página) dá uma idéia da freqüência em que os assuntos são discutidos. O DRM, pelo menos no momento da publicação deste post, está entre os favoritos. A “luta” não é só minha. Uma infinidade de blogs mostra que o desejo das multidões é uma mudança nessa tecnologia e que o fair use deveria ser considerado pela indústria de filmes e músicas. Existe até um protesto, no estilo flash mob, contra o DRM marcado para o dia 3 de outubro de 2006.
Na blogosfera:
- Meio-Bit: Microsoft vs O Mundo: Zune viola Creative Commons
- Media Loper: Zune’s Big Innovation: Viral DRM
- ElasPod: podcast sobre Creative Commons