HD-DVD hackeado: quem se importa?

por Alexandre Fugita

[HD-DVD crackeado] Não, não vai ser um artigo dizendo que as mídias físicas estão mortas. Isso eu já escrevi antes. Na semana que passou saiu a notícia de que um filme em HD-DVD foi disponibilizado em BitTorrent. Isso é uma conseqüência do crack publicado na internet no final do ano passado para fazer cópias de discos HD-DVD. O download ilegal de filmes pela internet ganhou mais um formato. Sabendo que um filme gravado em um disco de alta definição ocupa cerca de 20 GB, ou seja, algo muito grande, quem se importa com o HD-DVD crackeado?

Razões para não baixar um filme em HD-DVD

Primeiro, é ilegal. Só isso já bastaria, mas o tamanho do arquivo é que é o problema. Armazená-lo em seu computador ocuparia uma parte considerável do espaço disponível, mesmo que você tenha um HD de 200 GB. Não dá pra gravar em mídia física externa pois ainda não há meios baratos para fazer isso.

O download seria um suplício pois um arquivo de 20 GB gastaria pelo menos 30 GB da sua banda mensal de uso, considerando upload e download. Caso você não saiba, no BitTorrent ao mesmo tempo que você baixa, precisa disponibilizar parte do arquivo para os outros. Fora que ia demorar muito tempo.

Além disso, você, como a maioria dos espertinhos das redes de BitTorrent, não iria querer disponibilizar o arquivo para os outros depois do download terminado pois vai ficar consumido banda e mais banda da sua cota mensal. Ou seja, os outros também vão pensar assim e a disponibilidade do arquivo pode ficar baixa, demorando ainda mais o download.

Blu-Ray também crackeado?

O Engadget acaba de informar que o mesmo hacker que quebrou a proteção do HD-DVD está dizendo agora ser possível copiar filmes em Blu-Ray. Não tem jeito. Os códigos de descriptografia dessas mídias físicas precisa estar presente no hardware ou software dos leitores de discos. Um dia, como está acontecendo agora, alguém consegue acesso a esta informação. Como disse um amigo meu, filosofando sobre o assunto, começou!

A busca e a prateleira empoeirada

por Alexandre Fugita

[Prateleiras empoeiradas, via Flickr, CC] A busca é um dos pilares da web. Com ela, tudo torna-se encontrável. Aquele texto, daquele blog desconhecido (Techbits?) acaba ganhando um lugar ao Sol pois existem mecanismos de busca e pessoas procurando por tudo que você possa e não possa imaginar. Então, segundo essa evidência, a busca é benéfica, certo? Bom, não é o que pensam as autoridades da Bélgica. O país é conhecido pela ótima cerveja, mas também acham que a internet é uma série de tubos. A Copiepresse, associação dos jornais em francês da Bélgica, quer agora que o Yahoo! pare de indexar textos de seus afiliados. Pois bem, que esses jornais fiquem esquecidos na prateleira empoeirada.

Bélgica vs. Yahoo!, Google, Microsoft

Não é a primeira vez que a Copiepresse requisita a um mecanismo de buscas para não ser achado. Aqui no Techbits já falei sobre o caso envolvendo a mesma instituição e o Google. Aparentemente a busca da Microsoft, o MSN, também sofreu do mesmo problema. A questão que reclamam é válida: como os mecanismos de busca necessitam fazer cópias do conteúdo de um site para depois poder localizá-lo e enviar leitores, a Copiepresse diz que isso é uma violação de direitos autorais. Em sua defesa os mecanismos de busca dizem que só usam as cópias para gerar tráfego para o site indexado e não exibem textos completos como resultado de uma pesquisa. Faz sentido.

Livros digitalizados vs. Mecanismos de busca

Outra polêmica envolvendo mecanismos de busca são os projetos de digitalização de livros. Começou como o Google Livros, mas o Yahoo! e a Microsoft também entraram neste mercado. As editoras reclamaram, o circo pegou fogo, negociações foram feitas e no final algumas concordaram em serem escaneadas e outras não.

A todos que querem ficar na prateleira juntando pó, desejo boa sorte. Eu vou continuar a procurar arquivos digitais.

(*) foto deste post, via Flickr (link), sob licença CC (link)

Web 2.0 não é uma besteira sem tamanho

por Alexandre Fugita

[Web 2.0, fonte: http://hello.eboy.com/eboy/shop/] A chamada web 2.0 tem seus críticos e adoradores. Os críticos dizem que web 2.0 não significa nada. Provam dizendo que todas as tecnologias usadas já existiam previamente ou ainda que a única diferença para a web 1.0 é a maior quantidade de pessoas acessando a rede. Por sua vez, os entusiastas idolatram serviços na web, mágicas com Ajax e querem tudo on-line. As tecnologias todas realmente já existiam. Mas é necessário aquele estalo de criatividade para compreender, juntá-las e criar todo um novo modelo de negócios.

Web 2.0, tecnologias antigas

Um texto criticando a web 2.0 no Webinsider, “Web 2.0 é uma revolução? Então me deixem criticar”, chamou a atenção. É uma leitura interessante, mas a idéia de criticar a web 2.0 não é nova e já tinha sido feita pelo blog Revolução Etc um ano atrás. A crítica principal do Webinsider é que todas essas tecnologias já existiam.

Segundo o texto, a colaboração já ocorria nos tempos de newsgroups. Sim, verdade: evoluíram para fóruns, listas de discussão e mais recentemente tomaram conta da internet. Um bom exemplo de colaboração na divulgação de conteúdo são sites como o Digg ou a Wikipédia, coisas bem diferentes de um newsgroup. No mesmo texto fala-se da inteligência coletiva, também chamada de sabedoria das multidões. Diz que isso já existia e cita como exemplo antigo a Amazon que, não por acaso, tornou-se um dos expoentes da chamada web 2.0.

Discutindo sobre a web como plataforma, as críticas relembram que o conceito foi desenvolvido na década de 90. Sim, mas naquela época não era possível a criação de tudo isso pois não existia uma rede forte e rápida como encontramos hoje. Ajax e RSS são tecnologias derivadas de outras que já existiam. Também é verdade, mas foi só recentemente que começaram a ser usadas de forma útil. Propaganda por links patrocinados não foram inventados pelo Google mas foi essa empresa que, desenvolvendo a idéia, tornou esse mercado possível.

Idéias sem rumo

Certa vez li em um clássico da literatura (seria Machado de Assis?) que uma laranja só passa a existir a partir do momento que alguém a encontra e colhe da árvore. Fazendo uma analogia com as idéias discutidas aqui, pergunto: se já sabíamos que tudo isso existia, por que não fizemos nada para ganhar rios de dinheiro no desenvolvimento da agora chamada web 2.0?

Uma idéia, um conceito, precisam de um visionário que enxergue além do que os outros. A maioria de nós não possui esta dádiva, e ficamos achando que só porque algo já existia mas era visto de outra forma, o desenvolvimento daqueles conceitos em coisas úteis não valem nada. Pra mim a web 2.0 é alguma coisa, é a realização de uma visão de empreendedores. E também não existe outra buzzword melhor para nos referirmos a essa “tecnologia”.

Leia também:

Uma nuvem vale por mil palavras

por Alexandre Fugita

[Nuvem de tags] Uma das coisas que sempre me chama a atenção são novas formas de organizar e visualizar a informação. Na web tivemos o advento das tags que facilitaram a organização de centenas de links (del.icio.us), vídeos (YouTube), fotos (Flickr), etc… As tags também ajudam na busca pois ferramentas como o Technorati usam deste artifício para facilitar a localização de textos que falam do mesmo assunto. Há centenas de outros exemplos, mas um deles se destacou neste início de ano: as nuvens de tags dos discursos dos keynotes do Steve Jobs e Bill Gates em suas apresentações na semana passada. Com base nessas nuvens de tags é possível visualizar quais são os assuntos mais importantes e descobrir que uma nuvem vale mais do que mil palavras.

As nuvens de tags

As nuvens de tags dos discursos foram criadas pelo site SeatlePi.com, a partir da transcrição dos keynotes. Quanto maior a freqüência que uma palavra foi pronunciada, maior o seu tamanho na nuvem, demonstrando sua importância. Ao mesmo tempo, fizeram uma análise com uma ferramenta de estudo da linguagem para fornecer estatísticas.

[Nuvem de tags do discurso de Steve Jobs na MacWorld 2007] De acordo com a Lulileslie, do blog Petitpois sobre arquitetura da informação, a nuvem de palavras do Steve Jobs (acima) é mais “simples, concisa e eficiente” do que a do Bill Gates (abaixo), descrita como “sisuda e difícil de entender”. A forma como os discursos são feitos, as palavras e frases que são usadas, tudo isso impacta na mensagem e no modo como as pessoas se sentem após acompanhar tais apresentações. Assisti a ambos os keynotes e realmente isso é notável: o Jobs dá um show no Gates. De repente os produtos lançados pela Apple são menos importantes do que os lançados pela Microsoft, mas o discurso fez toda a diferença. Não é à toa que, além de ser um produto muito interessante, o iPhone roubou todas as atenções da semana passada deixando a CES no limbo.

[Nuvem de tags do discurso de Bill Gates na CES 2007]

Vampiros não existem

por Alexandre Fugita

[Mundo Pequeno, via Wikipedia, CC] A constatação acima foi uma das “descobertas científicas” mais interessantes que li no ano passado. Vampiros alimentam-se de sangue e tornam vampiros as pessoas mordidas. Se cada vampiro “alimenta-se” de duas pessoas normais por dia e essas passam, a partir daí, também a transformar outras duas pessoas normais em vampiros a cada noite, depois de poucas interações todos nós seríamos vampiros, o que não é verdade e, portanto, vampiros não existem. Mas o que isso tem a ver com tecnologia? Essa explicação dos vampiros é uma progressão geométrica que demonstra que todas as pessoas estão de alguma forma conectadas. Algo que me fascina é a teoria dos seis graus de separação (ou do mundo pequeno) que diz que todos nós estamos conectados a qualquer outra pessoa deste planeta por até seis outras pessoas. E a internet tem várias evidências de que isso talvez seja verdade.

Oráculo de Bacon

O Oráculo de Bacon é um experimento feito pela Universidade da Virgínia (EUA) usando a base de dados do IMDb (Internet Movie Data Base). Neste site estão relacionados atores, diretores e todo pessoal que já trabalhou em algum filme. O sistema desenvolvido é centrado no ator Kevin Bacon e a quantos graus de separação todos os outros estão ao redor dele. Neste caso, grau de separação significa quem trabalhou com quem. O interessante é que a grande maioria (mais de 80%, de cerca de 800 mil) dos atores e diretores de cinema está a até 3 graus de separação de Kevin Bacon.

Meme da blogosfera

Há cerca de três semanas o Bruno Alves iniciou uma tag (ou meme) sobre os objetivos de 2007. Cada blogueiro escrevia os seus e convidava outros cinco para fazer o mesmo. Depois o próprio Bruno Alves constatou ter criado “um monstro” pois aquele post se multiplicou atingindo centenas de blogs, constatados na árvore genealógica do meme publicada aqui no Techbits (como disse, esse assunto me fascina). Analisando a árvore, nota-se uma série de repetições, mostrando que os blogs estão relacionados em uma espécie de teoria do mundo pequeno.

Orkut

Talvez alguém devesse entrar no Orkut e verificar a validade da teoria. Lá com certeza conseguiriam mostrar que o mundo pequeno existe e que nem seis graus de separação são necessários para se chegar a qualquer outra pessoa da comunidade. Na essência toda rede social trabalha sobre essa teoria. Analisar as relações entre usuários, quem conhece quem, etc, deve levar a conclusões próximas à do Oráculo de Bacon.

Rec6

Todo esse assunto me levou a tecer uma teoria. Muitos já perguntaram por que será que o Rec6 tem esse nome? Alguns já filosofaram dizendo que o nome não ajudava em nada pois Digg ou Eu Curti remetem mais à finalidade do site do que um tal de Rec6 como nome… O Rec6 faz parte da Syxt, ou seja, o nome desses dois serviços faz alusão ao número seis. O Rec6 e o Syxt são redes sociais. Redes sociais… Vampiros não existem… Hum… Depois de muito pensar cheguei à conclusão de que o nome tem a ver com a teoria dos seis graus de separação. Acertei?

Siga-nos no Twitter Nossa página no Facebook Assine o RSS Receba os posts pro email