Um dia sem o Google

por Alexandre Fugita

[Googleless, logo modificado do Google via Substantivolátil, link abaixo] É complicado passar um dia inteiro sem usar qualquer dispositivo movido a eletricidade. Fazendo uma analogia com o internet, podemos dizer que é complicado usar a grande rede sem tocar qualquer serviço provido pelo Google. Para testar isso o Calebe Aires do blog Gattune lançou o desafio de passar 24h sem usar serviços da gigante de Montain View, semelhante a um movimento feito na blogosfera americana tempos atrás. Resolvi participar apesar do pouco tempo que tive para me preparar. Realmente é um pouco complicado usar a web sem o Google. Por pelo menos 3 vezes, sem querer, entrei na busca do Google para fazer uma pesquisa e só notei minutos mais tarde, após ter achado o que queria e a ficha caído, lembrando-me que estava no dia Googleless.

obs: logo modificado do Google via Substantivolátil.

Email

Na verdade o dia Googleless foi basicamente um dia sem internet. Fiquei boa parte do dia off-line, mas precisei achar soluções para contornar oGrande Irmão nas 24h propostas. A primeira coisa que fiz foi redirecionar meu email pessoal para uma conta do Hotmail e o email do Techbits para uma conta do Yahoo! Mail. O Techbits utiliza o Google Apps e portanto todo email é gerenciado pelo Google. No final, por estar totalmente desacostumado com as interfaces de ambos os serviços, acabei nem lendo meus emails durante do dia sem o Google. Só reparei uma coisa interessante no Yahoo! Mail: a sessão expira de tempos em tempos, algo útil para os que esquecem de dar logout em seus emails em computadores usados por outras pessoas. Ao mesmo tempo essa característica pode ser irritante pois é necessário fazer o login de a cada X minutos.

Office e leitor de RSS

Para escrever este texto, comecei usando o Think Free, suíte on-line bastante completa e que possui até um software para apresentações tipo Powerpoint. Na verdade escrevi uns quatro parágrafos lá e fechei a aplicação. Imaginei que o sistema salvaria automaticamente os documentos gerados. Ledo engano, ao voltar lá para recuperar o texto e continuar o relato, tudo que eu havia escrito desapareceu. Não há gravação automática dos documentos como ocorre no Google Docs, aplicação de uso diário no Techbits.

Quanto à leitura dos feeds RSS, simplesmente deixei de lado. Também sou usuário do Bloglines, mas lá mantenho pouquíssimos feeds assinados, menos de 10. Não compensaria assinar todos os mais de trezentos feeds que leio via Google Reader no Bloglines para usar apenas um dia. Optei por visitar individualmente uns 5 sites principais de notícias (na verdade blogs) que acompanho. Sei que é uma perda de tempo visitar os sites via web e não RSS, mas foi a melhor solução que encontrei.

A Busca

Fiz algumas pesquisas na web. Como já costumo usar o Technorati e o BlogBlogs em proporção quase igual ao Google, só depender dessas ferramentas quase supriria todas as minhas necessidades. Mas ambos são sistemas de busca vertical para blogs e não uma ferramenta geral como o Google. Por isso testei o Yahoo! e o Live Search. Pra falar a verdade não lembro da última vez que utilizei qualquer um desses serviços. Gostei do Yahoo! Search, achei o que desejava. Já o Live Search parece não ter regionalização para o Brasil. Todos os resultados foram em inglês e nada relevantes quando o que eu procurava eram sites em português.

Techbits

O Techbits utiliza vários serviços do Google quando on-line. Para estatísticas, Google Analytics. Não desativei. Para o fornecer RSS, Feedburner. Também não desativei, isso iria prejudicar os leitores do Techbits de forma tão profunda que não faria sentido desativar. A única coisa que desliguei foram os anúncios do Adsense por 24h. A receita do Techbits vai ficar prejudicada em 1/30 do total, o que é aceitável e por isso nem me importei. Claro, vou ter que cancelar a balada do fim de semana por causa desse dia a menos de rendimento. :-)

Conclusão

É possível (mas complicado) viver sem o Google. Não fiz um teste profundo pois fiquei boa parte do dia off-line. O Google é tão sinônimo de internet que mesmo assim aqui e ali esbarrei com anúncios do Google, caixas de buscas em alguns sites e notícias vindas de Montain View. Uma coisa é certa, se o Google desaparecesse hoje, seria um caos. Os serviços substitutos que encontrei não estiveram à altura em termos de funcionalidade e utilidade para aquilo que espero deles. Ainda bem que as 24h passaram rapidinho.

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Fiz TV: uma análise

por Alexandre Fugita

[Fiz TV] O Fiz.TV é um projeto da grupo Abril que mistura site de vídeos feito pelos usuários e canal de televisão. O blog do Fiz já está no ar faz duas semanas e traz posts diários com dicas de vídeos e coisas que estão acontecendo no serviço. O site de vídeos começou a funcionar faz uma semana. E o canal da TV deve estrear em 1o. de Agosto. A proposta é interessante, de maneira geral gostei da idéia, com ressalvas.

Blog do Fiz

Ao digitar fiztv.com.br no seu navegador, você cairá no blog do Fiz.TV, escrito pelo Fábio que também atua como ator nos vídeos que aparecem no cabeçalho do blog. Os posts são interessantes e curtos. Muitos deles possuem vídeos, como a conversa de duas japinhas fazendo um jogo da verdade e andando pelo largo de Pinheiros em SP. Encontrei dois problemas que me incomodaram no blog do Fiz: não existe RSS. Sem RSS eu não acompanho e sei que um monte de gente antenada também não. E é esse o público que eles querem atingir inicialmente. Outra coisa são os comentários. Seu e-mail fica lá, exposto no link para os robôs de spam fazerem a festa.

Site do Fiz.TV

O site de vídeos propriamente dito é feito em flash. Interessante, dá uma funcionalidade extra ao Fiz.TV, mas evita que os mecanismos de busca como o Google consigam indexar o conteúdo, o que pode ser um sério problema. Pra falar a verdade não acho que tenha sido uma boa escolha. Se fosse só player em flash, tudo bem. Mas o site inteiro não ajuda em várias coisas. É possível comentar individualmente em um vídeo e também enviar scraps para a pessoa que fez o upload dele. Claro, é preciso estar cadastrado e logado no Fiz para isso.

O cadastro exige muitas informações. Do CPF ao seu endereço. De um telefone, à obrigação de ter um avatar. Complicado demais, vai afastar muita gente. Além disso, se você estiver logado e abrir outra aba ou janela com o Fiz.TV, o sistema não percebe que você já está logado, ou seja, precisa entrar de novo com login e senha para comentar, por exemplo. O interessante é que nós como usuários da comunidade ganhamos patentes dentro do site, dependendo do grau participação. Começamos como telespectador, subimos para contra-regra, logo em seguida figurante, protagonista, diretor e, o supra-sumo de todos as patentes, Chuck Norris.

A qualidade dos vídeos é boa. Não estou falando da resolução da imagem e sim do conteúdo. Muito bom, material de alta qualidade. Clipes, curtas, documentários, humor e animação são os tipos de vídeos que temos para assistir. Por enquanto não há quantidade e são poucos os views de cada vídeo. Até a estréia da TV ninguém vai ficar famoso como às vezes acontece no YouTube. É possível colocar um vídeo embed em um site (mas não redimensioná-lo), como demonstro a seguir com o curta Matrix baixo orçamento feito pelos alunos da ECA-USP.

Direitos autorais

O YouTube já enfrentou uma série de problemas por causa de material protegido por direitos autorais. Certamente o Fiz vai encarar o mesmo tipo de dificuldade. Mas eles têm uma carta na manga. Se for detectado um vídeo que contenha imagens ou música protegidas, uma equipe vai tentar entrar em contato com os detentores dos direitos autorais para licenciá-lo. Ótimo, via ser interessante. E se tiverem sucesso na maioria das tentativas, está aí um modelo de negócios bom para todas as partes.

Fiz.Social

O Fiz é uma startup antenada, ligada na blogosfera. No mesmo dia do lançamento do iPhone fizeram um evento para blogueiros na casinha do Fiz. 20 blogueiros selecionados por algum critério misterioso tiveram o privilégio de conhecer os bastidores do Fiz.TV e seu funcionamento. Eu estava lá, assim como várias outras URLs, ops, blogueiros. No encontro teve pizza e cerveja e conheci várias pessoas como o Renê Fraga (Google Discovery), o Carlos Merigo (Brainstorm #9), a Bruna Calheiros (Sedentário e Hiperativo ), a Rosana Hermann (Querido Leitor), a Clara McFly (Garotas que dizem ni), o Ale Rocha (Poltrona TV), e a Renata Honorato (Sampaist).

Também reencontrei outros que já conhecia anteriormente como a Marisa Ematoma (Objetos de desejo), o Tiago Dória (Tiago Dória weblog), o André Marmota (Marmota), Alexandre Inagaki (Pensar Enlouquece), Gustavo Jreige (Outros Olhos) e Carlos Cardoso (Contraditorium).

Outros bloggers presentes foram o Fred Leal e o Rafael Spoladore (Senhor Tempo Bom), Ian Black (Enloucrescendo), Luiz Biajoni (Biajoni), Luiz Jeronimo (Tarja Preta), Patricia Barcelos e Caio Castro (Update or Die), Ricardo Lacerda (The Curto e Grosso) e Phelipe Cruz (Papel Pop). Foi divertido encontrar esse pessoal e trocar várias idéias. Ah, e os links de cada um deles leva respectivo texto sobre o Fiz, se existir, em cada um dos blogs.

Google Maps: cada vez mais parecido com o Earth

por Alexandre Fugita

[Mapplets Google Maps] O Google Maps está evoluindo com o passar do tempo. Funcionalidades antes só presentes no Google Earth, são incorporadas ao Maps. A última delas foram os Mapplets, informações úteis, externas, tipo widgets, que flutuam sobre os mapas. Por exemplo, há uma camada do Panorâmio, velho conhecido de que usa o Earth. Fotos[bb] de vários pontos do planeta, colocadas por usuários, retratam cantos conhecidos das cidades, incluindo o Brasil. Um Mapplet curioso é a coleção de “crop circles”, aqueles desenhos feitos por ETs no meio das plantações (imagem acima). O Google Maps vai substituir o Google Earth?

Cloud-centric

Todos sabem, o Google constrói sua base de software na internet. A web é o sistema operacional. E não está errada na sua escolha de plataforma. A internet é universal, compatível com Linux[bb], Windows, Mac, Palm, Symbian, etc… As APIs fazem a integração entre os diversos serviços através da nuvem da internet. Até o pessoal de Redmond tem seus planos nesta área.

Dados estão em algum servidor perdido na nuvem. Uma aplicação web, um cliente de desktop ou mesmo o seu smartphone[bb], buscam nesses lugares as informações que necessitam para rodar. É o conceito de rede expandido para englobar toda a internet. Parece óbvio, mas é mais ou menos isso.

Maps vs Earth

No Google Developer Day, a aplicação do Google com as APIs mais desenvolvidas foi certamente o Maps. Não é à toa que, como se fosse um “Hello World”, quase todo mundo acaba criando uma mashup que envolva o Google Maps. Além disso, como já foi dito, a cada dia novas funcionalidades poderosas são implementadas a essa plataforma. Chega ao ponto de ficar tão parecida com o Earth que este perde a razão de ser.

Uma das perguntas que fiz a um dos especialistas em Earth no Google Developer Day foi se um dia o Google Earth acabaria. Minha argumentação é que vemos o Maps evoluindo com uma rapidez impressionante, além da ótima integração para criação de mashups, enquanto o Earth parece ter parado no tempo. Claro, foi negado, e certamente é verdade. O Earth ainda tem funcionalidades não mimetizáveis por um web service. Mas que o Maps está chegando lá, está.

Mashups

Alguns desenvolvedores estão preocupados com as bilhões de funcionalidades que o Google está incluindo no Maps. Pra quê desenvolver para essa plataforma se logo mais sua incrível criação terá algo similar do próprio Google? Acho que esses desenvolvedores estão chorando à toa. Cada vez que uma funcionalidade nova é implementada no Google Maps, novas oportunidades surgem para mashups interessantes. É só ter criatividade.

iPhone: will it blend?

por Alexandre Fugita

[Will it blend?] Uma das séries de vídeos mais famosa da internet é o Will it blend? da fabricante de liquidificadores Blendtec. Depois de assistir aos impagáveis stop motions de jogos do Atari, nada como ver se um iPhone “blends”. Estava até demorando, os fãs do Tom Dickson – o cara que testa tudo quanto é objeto no liquidificador – estavam impacientes.

O iPhone é resistente. Se você observar bem, demora um pouquinho até alguma peça se soltar. A primeira parte destruída é a cobertura de plástico preto que esconde a antena. Depois disso o liquidificador transforma os circuitos eletrônicos em um pó cinzento que é chamado no final do vídeo de iSmoke.

Smash my iPhone

Um sujeito criou a rede SmashMy(nome do gadget).com. Arrecadava dinheiro para comprar os últimos lançamentos e filmar sua destruição. Atingiu seu objetivo para o PlayStation 3, iPod, o Wii… A última incursão do empreendimento, smashmyiphone.com, só arrecadou 1 dólar. De qualquer forma outra pessoa já destruiu um iPhone tentando abrir com um martelo. Acho mais legal com liquidificador.

Google Apps e a segurança da informação

por Alexandre Fugita

[Google] O Google fornece para pequenas e médias empresas um pacote chamado de Google Apps, que consiste em gerenciamento de email, documentos, calendário e mensageiro instantâneo. Se o cliente tem poucos usuários (caso do Techbits) o serviço é gratuito. Para operações um pouco maiores custa 50 dólares anuais por usuário, uma barganha (*). O grande problema é a segurança da informação. Os dados ficam armazenados em servidores do Google, em algum lugar do mundo. Como convencer os CIOs de que essa é uma solução segura? Ontem foi anunciada a compra da Postini, empresa especializada em segurança online.

A idéia do Google é convencer grandes empresas a migrar suas plataformas para o Google Apps. Atualmente cerca de 1000 pequenas empresas começam a usar o Google Apps todos os dias. Mostrar que a plataforma é segura pode facilitar a venda de pacotes pagos. Um dos fatores que fazem a TIC manter os sistemas legados é que conseguem gerenciar razoavelmente bem as regras de negócios. Se o Google mostrar que sua plataforma pode substituir com segurança esses sistemas, está aberta a porta para conquistar fortemente o mercado corporativo.

O interessante é que o Google não mantém apenas uma cópia ou duas das informações. O sistema deles funciona em uma espécie de grid computing, com sistema de arquivos próprios chamado de GFS (Google File System, o que mais poderia ser essa sigla?). Mesmo que um servidor pegue fogo, pife, seja destruído, várias outras cópias dele rodam em outro lugar e assumem imediatamente, sendo totalmente transparente para o usuário.

Um organização que queira ter um sistema seguro para evitar perda de informações teria que investir milhões e assim mesmo ficaria vulnerável caso mantenha poucas cópias backup, mesmo em lugares distantes. Obviamente não adianta manter o backup no mesmo prédio da cópia principal. E seu datacenter for vítima da síndrome do Boeing? Claro que a solução que o Google implementa não é perfeita. Mas possui um ótimo custo-benefício para a maioria das organizações.

[Atualização]: (*) O Alex Hubner do CFGigolô informa que o Google Apps não aceita pagamentos de empresas brasileiras, o que é um problema para a expansão do serviço aqui no Brasil. Assim o Google Apps fica restrito apenas à versão gratuita, ou seja, para microempresas.

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