Não vire commodity
Quem mexe com tecnologia sabe que o que era novidade ontem, hoje se transformou em commodity. Um belo exemplo é o hardware. Hardware é commodity pura, tanto que a IBM vendeu sua divisão de desktops e notebooks para a Lenovo, anos atrás. Quando falo que o sistema operacional está perdendo a importância, quero dizer exatamente isso. Já não importa se você é da turma do Linux, do Windows ou do Mac. O que importa é o software que você roda nele. E com softwares cada vez mais atrelados à nuvem da internet, a janela do navegador ou os widgets ganham importância.
Vamos para os últimos lançamentos da Google. OpenSocial e Android OS. Ambos surgem para commoditizar um monte de coisa e tornar o software como algo importante. O OpenSocial pega o fato de todas as redes sociais serem fechadas, cada um com seu grafo social, e escancara essa informação. O grafo social vira commodity e as aplicações que você roda na plataforma deles é o que importa, não mais os dados. Esse é o diferencial.
A mesma coisa com o Android OS. O Google transforma o sistema operacional em commodity, aberto, gratuito, essas coisas. Mas premia quem fizer a melhor aplicação, estilo widget, para a plataforma. O diferencial serão os softwares e não o sistema operacional. Isso também é possível detectar com a vontade da gigante de Montain View de comprar a freqüência de 700 Mhz nos EUA. Vai gastar uns 5 bilhões na licença mais uns 10 bilhões construindo uma rede. Mas a rede será commodity. O que importa são as aplicações que a usarão para se comunicar com a nuvem da internet. Faz todo sentido com o lobby que a Google fez com a FCC para criar uma rede mais aberta.
A única coisa que não é commodity neste mundo é o cérebro humano – ops, quero dizer, há cérebros commodity por aí, aos montes. O resto, hardware, infra-estrutura, serviços, tudo acaba se commoditizando com o tempo. O cérebro humano é o responsável pelas novas idéias e pelo software, por exemplo. Essa é a aposta da Google. Em última instância, que tudo vire commodity, exceto o cérebro humano.
[…] parte da minha blogagem coletiva individual, explicando melhor, acabo de fazer um texto no Techbits com o mesmo título, darei seqüência ao assunto aqui no meta.blog. A premissa básica é que tudo vira commodity, […]
Muito bom artigo Fugita!
Gostei principalmente da parte do: “O OpenSocial pega o fato de todas as redes sociais serem fechadas, cada um com seu grafo social, e escancara essa informação. O grafo social vira commodity e as aplicações que você roda na plataforma deles é o que importa, não mais os dados. Esse é o diferencial.”
Antes do Brad Fitzpatrick ir para o Google ele já tinha essas idéias de ter uma rede social aberta utilizando ferramentas como OAuth e OpenID.
Não sei o quão Brad Fitzpatrick está envolvido no OpenSocial, mas ainda sairão boas coisas de lá se ele que estiver nesse time! É esperar pra ver!
Hum… há controvérsias :-)
Sistema operacional não é commodity, ainda! A simples troca de um por outro não te permite, hoje, fazer as mesmas coisas! Mesmo para o subconjunto restrito de aplicações que você possa ter em mente!
Use o mesmo navegador em dois OS diferentes (sem nenhuma outra aplicação) e veja quanto tempo um deles cai ter um crash e o outro não!
Mesmo como metáfora esta afirmação deixa controvérsias!
Podemos tomar o Andróide com exemplo da minha tese! Se qualquer OS servisse, pra (Google) não investiriam tanto dinheiro pra fazer um OS com “as especificações” que eles desejam para o seu modelo de negócio!
Aplicação sem os dados não é nada Fugita!
Ou eu não entendi nada do que você quis passar ou os exemplos que você usou para “commoditizar tudo” não foram felizes!
[]’s
É aí que entra uma das 5 regras da Web 2.0, a Lei da conservação dos lucros.
Um artigo sobre as regras:
http://desta.ca/pratica/2006/12/12/regras-que-definem-a-web-20/
E um excelente artigo sobre a Lei da Conservação dos Lucros, de Silvio Meira.
http://desta.ca/pratica/2006/12/12/lei-da-conservacao-dos-lucros/
Abraço,
Gilberto Jr
+ Android OS -> linux pra celulares
+ OpenSocial -> stack público de protocolos abertos para identidades, redes sociais e informações pessoais (uma espécie de DNS e http pessoais).
+ Banda de 700 Mhz -> net neutrality na rede móvel também
Objetivo: replicar na plataforma móvel e nesse novo stack para a web o mesmíssimo modelo que tornou o Google tão bem sucedido na web “tradicional”.
O forte do Google é a incrível capacidade de infra-estrutura deles pra copiar, processar e criar serviços úteis em cima do volume absurdo de dados a que a empresa pode ter acesso na web.
Isso e aplicar uma camada de serviços de publicidade por cima.
Ninguém faz isso tão bem como o Google (ainda).
Vão conseguir?
Bom, não falta gente (e gente grande) lutando pra impedir, da Nokia à Microsoft (passando pela Apple), do Facebook ao… bem, ao Facebook mesmo, hehe, e da Verizon à AT&T.
É desejável que eles (Google) consigam?
Não sei.
Tempos interessantes virão (ou não).
Abraço!
Esta visão de sistema operacional se tornar commodity, compartilho contigo Fugita. É fácil perceber que as áreas tecnológicas que ficam maduras viram commodity: o hardware, a internet, etc.
O SO ainda não se tornou devido a luta e estratagemas da Microsoft para se manter como fornecedora principal.
As incompatibilidades do Office mesmo entre as próprias versões é uma frente de batalha da empresa.
Porém a definição de padrões na área de documentos com o ODF a coisa está fugindo completamente do controle da M$.
O Google, IBM, Oracle jogam contra e tem promovido constantemente a padronização, justamente para dar cabo da gigante.
São estes artigos que me fazem manter o TechBits nos essenciais do meu Google Reader.
Obrigado Fugita.
José,
Como diz o Sérgio, logo abaixo, há controvérsias, hehe! Mas essa idéia de colocar tudo sob um único ID como faz o OpenID, tem bastante futuro. Acho que o OpenSocial é uma aposta grande da Google no futuro das aplicações web e das redes sociais. Vamos ver!
Sérgio Lima,
Talvez eu tenha exagerado, como já fiz outras vezes! :-) Gosto de provocar para daí surgir discussão. Realmente, quando estava escrevendo, não tinha certeza se jogava os dados para o campo das commodities também. É um ensaio.
Apesar do que escrevi no texto, concordo que um SO ainda não é commodity. Mas o Google está criando uma plataforma aberta pra deixar de ter importância o SO. Eles não iriam usar as soluções proprietárias já existentes. Vamos ver!
Gilberto,
Ótimas dicas de leitura para acrescentar à discussão, valeu!
Mario,
Acho que vc resumiu bem a estratégia do Google em relação ao ambiente móvel. Eles são, na essência, uma máquina gigante de processamento matemático. Só isso. Mas fazem coisas malucas. Torço para surgir um concorrente de peso. Isso vai gerar mais concorrência e inovação.
Prof. Luís Eduardo,
Bom, acredito que tudo pode virar commodity, exceto nosso cérebro, que se externaliza na forma de criatividade e inovação. Um SO pode não virar commodity, mas vai precisar de muito trabalho para isso.
Sérgio Rebelo,
Legal! Ótimo ouvir (ler) isso! Toda vez que eu publico um artigo com linhas “polêmicas”, fico com um medo das pessoas não gostarem. Seu comentário é um alívio!
Abraços a todos!
Fugita, só digo uma coisa: concordo plenamente com você no que diz respeito a ser nosso cérebro e nossa afetividade o maior valor. Idéias criativas nunca serão commodity. É isso aí.
Não há que ter medo.
Se nunca publicar essas linhas polémicas o TechBits não iria passar de mais um TechBlog. Não estou dizendo que os outros artigos não fazem falta. Fazem, para manter o Blog e trazer visitantes, mas são esses artigos que mantêm leitores, porque são esses artigos que trazem mais de você, que não poderiam ser lidos em outro lado. São opiniões. Eu salto muitos artigos que são apenas notícias. Gosto de me concentrar mais nestes.
Ana,
Pois é, é a única coisa que jamais vai desvalorizar, desde que bem usado.
Sérgio,
Acho que é isso mesmo, para não ser só mais um na multidão.
Abraços a vcs!
[…] grande questão, em qualquer área, independente se você é uma startup ou não, é não virar commodity. Pegue a Apple, por exemplo. A tal da taxa da Apple que a blogosfera tanto fala, tem a ver com a […]
[…] big question, in any field, regardless of whether you are a startup or not, is avoiding becoming a commodity. Look at Apple, for example. With Apple’s rate of growth, as the blogosphere is always […]