17 novembro 2006
por Alexandre Fugita
Tem maluco pra tudo neste mundo. Eu não lembro exatamente quando mas certo indivíduo teve a “brilhante’ idéia de criar um site pedindo arrecadações para comprar um iPod e destruí-lo em público. Conseguiu rapidamente as doações necessárias, foi a uma loja Apple levando a tiracolo uma equipe para filmar a façanha. Comprou e destruiu ali mesmo o iPod na frente de atônitos vendedores e clientes. O site, claro, chamou a atenção. O prato cheio está de volta. Essa semana dois grandes lançamentos serão destruídos: o PS3 e o Nintendo Wii. O Zune se salvou, ficou fora da lista de destruição.
PlayStation 3
Lançado no Japão e nos EUA, o PlayStation 3 já está em falta. Na verdade a demanda é muito maior do que a oferta o que gerou filas dias antes do lançamento em lojas, pessoas contratando outras para ficar nas filas, leilões do equipamento a preços exorbitantes. De resto, tudo normal: alguém já desmontou o aparelho, outros verificaram que o custo de produção do equipamento dá um prejuízo razoável à Sony. Para ver o site da destruição do PS3, vá em smashmyps3.com. Ou veja o vídeo da destruição no YouTube.
Nintendo Wii
Com um nome estranho o Wii será oficialmente lançado neste Domingo, dia 19. A Nintendo aposta em um videogame fácil de jogar para todas as idades. As demonstrações usaram pessoas pouco familizarizadas com videogames e deram certo. Muitos jogos exigem habilidades físicas – e não o pressionamento de botões – já que os controles sentem os movimentos que você imprime a eles. Veja um comercial do Wii no YouTube que ilustra exatamente isso que acabo de tentar explicar. O site para ver o Wii destruído: smashmywii.com. (obs: o Wii ainda não foi lançado na publicação deste texto, aguarde mais alguns dias) Ou o vídeo da destruição no YouTube.
Microsoft Zune
A Microsoft entra no mercado de mídia digital com uma aposta alta. O Zune traz embutido wi-fi para troca de músicas entre Zunes. Essa é a melhor e a pior característica do aparelho. A música transferida por wi-fi só pode ser tocada três vezes ou por até três dias além de vir embalada em DRM mesmo que use licensa Creative Commons. O site Engadget lançou um “desafio” que seria alguém encontrar, sem combinar previamente, outra pessoa para trocar músicas via wi-fi em locais públicos. Isso seria a prova do sucesso do aparelho. De resto, tudo normal: a instalação é complicada e trava o computador, além do que o Zune é incompatível com o Vista. Isso talvez justifique a falta de necessidade de destruir o aparelho.
13 novembro 2006
por Alexandre Fugita
Acabo de descobrir que Ray Kurzweil fez uma palestra virtual semana passada no Brasil. Para quem não sabe Kurzweil é autor de vários livros que tratam da evolução da tecnologia. Sua última obra – que há meses procuro nas livrarias mas ainda não foi lançada no Brasil – é The Singularity is Near (A Singularidade está próxima) citada recentemente no post que falei das tecnologias que estão morrendo. A Singularidade Tecnológica é o ponto a partir do qual a evolução da tecnologia ocorrerá de forma tão rápida, o impacto será tão marcante, que transformará a vida humana de forma irreversível.
A Singularidade Tecnológica
Em 1965, Irving J. Good descreveu algo muito parecido com o atual conceito da Singularidade Tecnológica. Ele previu que se em algum momento a inteligência artificial atingir equivalência à inteligência humana, as máquinas pensantes superarão rapidamente seus criadores. A tradução do conceito descrito por Good pode ser lido abaixo:
“Vamos definir uma máquina ultra-inteligente como uma máquina que pode superar de longe todas as atividades intelectuais de qualquer humano reconhecidamente inteligente. Como a criação de máquinas é uma dessas atividades intelectuais, uma máquina ultra-inteligente pode desenhar máquinas ainda melhores; haverá uma inquestionável ‘explosão de inteligência’, e a inteligência humana será deixada para trás. Ou seja, a primeira máquina ultra-inteligente será a última invenção feita pelo homem.”
Ficção Científica
Essa descrição parece exatamente o roteiro de muitos filmes. Desde o Exterminador do Futuro, passando por Matrix, incluindo aí o Eu, Robô, baseado na obra de Isaac Asimov. Provavelmente os roteiristas de Hollywood tiveram inspiração nessa teoria que deu origem ao conceito de Singularidade Tecnológica.
Para quem não lembra, no Exterminador do Futuro, em 9 de Setembro de 1999 a Skynet torna-se operacional e começa a pensar por si própria, decidindo eliminar a raça humana. No filme Matrix a transição do domínio das máquinas é nebuloso mas no final os seres humanos são transformados em pilhas para fornecer energia aos robôs (quem analisar direito perceberá uma falha grave nesse argumento). Em Eu, Robô, o computador vilão entende que o único jeito de garantir as Três Leis da Robótica é eliminando a maioria dos seres humanos.
E claro, não poderia deixar de citar o filme 2001: Uma odisséia no espaço, clássico da ficção, na qual o computador de bordo de uma nave, o HAL-9000 (foto do parágrafo acima) fica maluco e resolve conspirar contra a tripulação.
2045, o ano da Singularidade Tecnológica
O gráfico abaixo mostra que a tecnologia evolui de forma exponencial. A cada grande mudança de paradigma, menos tempo entre elas. A previsão de Kurzweil aponta que a Singularidade deve ocorrer ao redor do ano de 2045. Sua teoria é uma extrapolação da Lei de Moore (a cada 18 meses dobra o poder de processamento dos computadores), juntamente com a sua teoria das mudanças aceleradas. De acordo com as previsões de Kurzweil a máquina tornará-se mais inteligente que o ser humano, surgirão organismos bio-cibernéticos e a evolução tecnológica ocorrerá muito rapidamente, em proporções inimagináveis.
Teste de Turing
O teste de Turing foi criado em 1950 por Alan Turing em seu ensaio Computing machinery and intelligence. Trata-se de um teste para determinar se uma máquina consegue manter uma conversação enganando um ser humano de que está conversando com uma pessoa. Até hoje nenhum computador passou no teste de Turing mas robôs de chat como a A.L.I.C.E. já enganaram muitas pessoas ao fingirem serem humanos. Kurzweil prevê que neste século computadores conseguirão passar pelo teste de Turing pela primeira vez.
Conclusão
A tecnologia vai mudar radicalmente nas próximas décadas, talvez antes. Segundo Kurzweil, a Singularidade está próxima. Precisamos ficar preparados para as mudanças que estão por vir para não ficarmos para trás. Aprender e saber buscar informação é a chave para continuar na vanguarda. Mas não espere nada desastroso como nos filmes de ficção. Eles são exatamente isso: ficção.
[Atualização] Leitura interessante: Hoje vamos falar sobre: Singularidade Tecnológica
9 novembro 2006
por Alexandre Fugita
Existem dias como hoje nos quais falta inspiração para o que escrever. Daí pego minha lista de assuntos atemporais e escolho um deles para discutir. Às vezes nem isso adianta. O mais estranho é que teoricamente há centenas de coisas acontecendo no mundo da tecnologia, centenas de fontes dos mais diversos assuntos… E surge um problema: como selecionar aquilo que é mais relevante?
Agregadores: o céu e o inferno
Todo geek que se preza assina pelo menos uma centena de feeds RSS. Quer sempre saber das últimas novidades, acompanhar todos os blogs que existem, escrever algo interessante em seu próprio blog. Fora isso consulta o Digg (se é que já não assina o feed deles), analisa as últimas tendências no Techcrunch, passa o dia no Engadget. Os agregadores de RSS são o céu – você consegue acompanhar milhares de sites ao mesmo tempo – e o inferno – você consegue acompanhar milhares de sites ao mesmo tempo. No final acaba lendo aquela mesma meia dúzia de fontes no mar de informações.
Listas de discussão
Outra coisa que junta informação em uma bola de neve que não pára de crescer são as listas de discussão. Eu nem sei quantas assino e pra falar a verdade faz uns 4 meses que deixei de acompanhá-las. Sempre tentava ler tudo, ou pelo menos acompanhar a maioria das discussões. Se eu for abrir meu email das listas devo encontrar umas 10 mil (exagerando) mensagens não lidas. Inviável.
Podcasts
Há uns dois anos surgiu o podcast. Desde então fiquei viciado nessa nova modalidade de obter informação. Problema: os episódio duram uns 30 minutos em média. Se você assina 10 podcasts semanais, serão 300 minutos por semana, ou seja, 5 horas dedicadas ao podcast. Mas todo geek que se preza assina pelo menos o triplo disso. E alguns são diários… Não há ouvido que agüente.
Desafogue-se
Um dos fatores limitantes cruciais de nossas vidas é o tempo. Só há 24h em um dia. É impossível acompanhar tudo. A solução é começar a filtrar melhor as informações.
O agregador de feeds ajuda, mas de vez em quando é bom apagar um ou outro RSS (pronto, perdi vários assinantes depois dessa). Os podcasts são interessantes, mas escolha o melhor em cada tema pois no final todos acabam falando a mesma coisa. Listas de discussão… Aprende-se bastante coisa nelas mas se você apenas acompanha passivamente, leia só de vez em quando. Prefira um email como o Gmail para receber tais listas pois fica tudo organizado por conversações o que permite eliminar assuntos não interessantes.
Enfim, vá para uma ilha deserta e leve apenas uma bola de vôlei.
7 novembro 2006
por Alexandre Fugita
Será Seria (foi adiado) votado nesta quarta-feira no Senado um projeto de lei pra lá de aterrorizante. Eu, que sempre defendi a privacidade como princípio importante, discordo totalmente desse projeto de lei que obriga a identificação dos usuários em qualquer ato ou serviço na internet. Na verdade o que acontece é que políticos não entendem do que se trata a internet. Para eles deve ser aquele negócio que fica recebendo mensagens de reclamação, um tal de email. Se os políticos entendessem um pouco de internet saberiam que é um meio que se auto-regula e não precisa de uma lei nesses moldes para tratar do assunto.
Uma série de tubos
Ficou célebre a frase do senador Ted Stevens (Alaska, EUA) sobre sua explicação do que é a internet, na defesa da Net Neutrality, uma tentativa de pedagiar o tráfego na grande rede. Você pode ver no YouTube uma esquete de humor sobre o assunto, com participação do referido senador, mas já lhe adianto o trecho que ficou famoso:
“A internet não é um lugar onde você simplesmente joga algo dentro. Não é um caminhão grande. É uma série de tubos.”
Fica evidente que o senador americano não faz a mínima idéia do que seja a internet e tenta legislar sobre o assunto. Virou piada. O que está acontecendo lá em Brasília parece ser similar ao que aconteceu nos EUA. Os senadores estão prestes a discutir algo que não fazem idéia do que se trata. E o tiro pode sair pela culatra, desestimulando o investimento em empresas de internet nacionais, com a migração de serviços para o exterior, e fora que iguala o Brasil a países como a China, reconhecidamente autoritária quando se trata de internet.
Privacidade vs. Legalidade
Alguns podem dizer que crimes estão ocorrendo na internet e portanto essa lei é importante. Ok, tenho quase certeza que na rua ocorrem mais crimes que na internet. E não é por isso que nós andamos com placas penduradas no pescoço dizendo quem somos ou ainda nos registramos em alguma entidade regulatória toda vez que precisamos sair à rua. Na internet deveria ser a mesma coisa.
Para os que defendem a privacidade há uma solução já discutida aqui no Techbits: o navegador Torpak que garante total anonimato na internet. Não só seu IP será aleatório como será praticamente impossível identificá-lo na internet. Claro, se você estiver usando o Torpak para acessar seu email pessoal ficará evidente que aquele é você. E se você vai usar tal serviço para cometer atos ilegais, a decisão é exclusivamente sua e de mais ninguém. Ou seja, não estou fazendo qualquer tipo de apologia ao crime. Mas pelo menos a pornografia está garantida (*).
[Atualização:] descobri neste post do site do Japs uma sátira sobre o tema, muito engraçada, mostrando a InternetBRAS. Recomendo.
(*) essa última frase é pra atrair usuários pára-quedas do Google. Ou você acha que fico vendo pornografia na internet? :-)
6 novembro 2006
por Alexandre Fugita
Hoje o Rec6 saiu do beta alpha. Para quem não conheçe o Rec6 é um site no estilo do Digg, de notícias colaborativas na qual o controle editorial está nas mãos dos usuários, através da interação entre eles. O serviço pertentece à Via Syxt, rede social fundada por Renato Shirakashi e Diego Monteiro em 2005 com foco em networking profissional. O Techbits entrevistou por email Renato Shirakashi de Sousa, Diretor de TI, e sócio fundador do empreendimento. Blogosfera, preparem-se para o efeito Rec6.
O que é o Rec6 e de onde surgiu a idéia?
O Rec6 é um site de notícias colaborativas. Ao contrário de outros sites do gênero, no Rec6 os próprios usuário enviam links para notícias e decidem, através de votação, quais são os melhores links para publicação na capa do site. Não há intervenção editorial e isso é o que torna o conteúdo tão especial. A notícias estão ali na capa pois os leitores assim escolheram e não um grupo editorial.
O modelo é o mesmo usado pelo digg.com, site de muito sucesso nos EUA. A idéia inicial desse tipo de site veio muito tempo antes, através de iniciativas como o slashdot.com. A diferença é que o Digg faz muito mais sucesso hoje do que todos aqueles que o precederam. E isso tem uma razão. É porque é simples. Simplicidade é tudo. E esse é um dos cernes da filosofia do Rec6.
Vocês já oferecem desde o ano passado o Via Syxt, uma rede social voltada para networking profissional. Surge agora o Rec6. Colaboração, esta é a chave?
Desde o início acreditamos muito na colaboração. Além disso, que a colaboração poderia ser usada para construir algo de relevância e utilidade para todos, além do entretenimento comum. Um grande exemplo disso é a Wikipédia, que é fantástica.
A Via Syxt, nossa empreeitada, que depois agregou um novo serviço, o Rec6, baseia-se totalmente nesse conceito. Os usuários são os grandes responsáveis pela comunidade. Colaboração com certeza é a chave do nosso negócio.
Nota-se que no Rec6 as notícias são promovidas de acordo com um algoritmo bem diferente de outros sites de noticícias colaborativas. Quais são os principais critérios levados em conta nesta promoção?
O algoritmo do Rec6 é diferente dos demais pois leva em conta também o tempo em que a notícia é relevante. Na maioria dos outros mecanismos, uma vez na capa a notícia está fadada a desaparecer, assim que aparecerem novas notícias promovidas. O Rec6 respeita as notícias que continuam recebendo votações para continuar na capa e as mantêm ali. É claro que em algum momento essa notícia deixará de ser relevante e dará espaço para outras.
Além disso, nossos esforços estão voltados para personalização. Através de diversos critérios verificamos as notícias mais relevantes para o perfil de cada usuário. Nesse sentido, usuários do Rec6 também cadastrados na comunidade Via Syxt têm vantagens, já que podem nos dar mais informações, através de seu perfil, para que possamos encontrar notícias cada vez mais relevantes para ele.
Agora que o Rec6 saiu do beta alpha, como será feita a monetização do serviço?
Através de publicidade, principalmente.
E as novidades que foram / serão lançadas?
Nós da Via Syxt trabalhamos com o conceito de lançar pequenas atualizações constantemente ao invés de grandes mudanças em períodos de tempos mais espaçados. Isso nos dá maior flexibilidade. Por isso, novidade é algo que sempre se encontrará em nossos produtos. Quando colocamos no ar o rec6 pela primeira vez, as atualizações eram quase diárias.
Quanto ao que está por vir no Rec6, posso dizer que abrangem, principalmente, integração com a comunidade virtual, sistemas para aumentar a relevância das notícias para cada usuário e ferramentas para bloggers, como os famosos widgets.
Startups brasileiras são raras. Há investidores interessados no nosso mercado? Que recomendações você daria a novos empreendedores?
Sim, há investidores. Claramente, a quantidade é bem menor que no mercado americano, mas existem sim e estão buscando bons projetos. Acho que faltam mais bons empreendimentos do que investidores, especificamente no mercado do Internet.
E vejo dessa maneira porque o Brasil é um país sem uma cultura empreendedora, totalmente ao contrário do que ocorre nos EUA. E também existe a imagem de que bons projetos vêm de boas idéias, o que é uma mentira. Bons projetos vêm de boas implementações. Uma idéia por si só não é nada.