27 novembro 2006
por Alexandre Fugita
Na semana passada vimos a notícia de que um estudante indiano desenvolveu uma nova forma de armazenar informações em papel. Diz ser possível guardar até 450 GB em um disco RVD (não, nada a ver com aquela banda mexicana). A tecnologia disponível hoje permite a um DVD armazenar 4.7 GB por camada. Os novos formatos, HD-DVD e o Blu-Ray, armazenam 15 GB e 25 GB por camada respectivamente. Ou seja, esse tipo de armazenagem em papel deve ser a nova mina de ouro. Mas será isso mesmo possível?
Matemágica
O ArsTechnica fez as contas e parece que não bate. Vou aqui refazer tais contas usando o formato de papel A4, considerando toda a superfície disponível, ou seja, incluindo as margens de uma impressão normal. Há dois fatores limitantes a se considerar: a qualidade da impressão e a resolução que o scanner consegue capturar.
Uma multi-funcional como a HP PSC 1315 possui resolução máxima de impressão de 1200 x 1200 dpi. Isso dá um quadrado com 1 milhão e 440 mil pontos. Vamos supor que seja possível imprimir em 256 cores (profundidade de 8 bits). Então cada ponto representará 1 byte. Em uma polegada quadrada teremos então 1 milhão e 440 mil bytes o que dá aproximadamente 1,37 megabyte. Uma folha A4 tem 210 mm x 297 mm, o que dá 96,67 polegadas quadradas, de acordo com a calculadora do Google. Então em uma página A4 temos quase 133 MB.
Com sorte o scanner conseguirá distinguir claramente as 256 cores, a impressão estará ok, e as imperfeições do papel pouco afetarão. Aplicando um algoritmo de correção de erros aqueles 133 MB viram 100MB. Daí para 450 GB é um salto enorme (4608 vezes). Nem as melhores tecnologias de compressão de dados conseguem tal proeza. Segundo o criador do RVD há todo um algoritmo de inclusão de figuras geométricas nas imagens o que permite esse desempenho excepcional.
O fim das mídias físicas
Ok, vamos supor que essa descoberta seja realmente verdade. Vem a pergunta: qual a razão de se investir em um novo formato de mídia física se a tão anunciada guerra HD-DVD vs. Blu-Ray sequer empolga e como já afirmou Bill Gates, são as duas últimas mídias físicas a existir? Dizem por aí que uma imagem vale mil palavras. Mas pelo jeito não vale uma centena de megabytes…
26 novembro 2006
por Alexandre Fugita
Bom, este post será um pouco mais técnico, voltado para a blogosfera. De vez em quando faço manutenção no código do Techbits. Ajustes aqui, correções lá… Particularmente havia algo que me incomodava: nunca consegui configurar direito o plugin WP-cache para o WordPress. Sempre que eu o ativava, a primeira requisição de qualquer página do blog retornava uma em branco. Só com o reload isso se resolvia. Depois de pesquisar muito na internet finalmente achei a solução.
Páginas dinâmicas
Como todo blog que roda sob o WordPress (um ótimo software de gerenciamento de blogs), o Techbits possui páginas dinâmicas geradas em tempo real a cada requisição, ou seja, utiliza-se recursos de processamento e de banco de dados do servidor. Como a hospedagem é compartilhada, existe um limite para o uso destes recursos, que certamente são suficientes para manter um blog como o Techbits.
Mas vamos supor que de repente todo mundo resolvesse visitar este blog ao mesmo tempo. O servidor não agüentaria e o site ficaria fora do ar por excesso de processamento do servidor. Isso acontece em sites atacados por botnets ou os que têm a sorte de sair na primeira página do Digg ou Slashdot. Ficar fora do ar em função do efeito Digg é um “privilégio” de poucos, mas ao mesmo tempo ruim para o site pois perde-se leitores.
Obviamente isso (ficar fora do ar) nunca aconteceu ao Techbits por este motivo (excesso de processamento do servidor). Não tenho a visitação de uma Garota sem Fio ou de um Contraditorium.
O que o WP-cache faz?
O WP-cache é um plugin para WordPress que cria, como o próprio nome diz, um cache das páginas antes geradas dinamicamente. Além de deixar o site mais rápido, poupa recursos de processamento e de acesso ao banco de dados do servidor. Se o site tornar-se muito visitado de uma hora para outra o WP-cache é capaz de dar conta do recado. Diminui-se assim a possibilidade de o processamento do servidor ser o fator limitante, ficando apenas o problema de largura de banda que um site dispõe para fornecer o fluxo de informações para seus leitores.
O problema é que o WP-cache não estava funcionando no Techbits. Sempre que eu o ativava, a primeira requisição de uma página que ainda não estava no cache, gerava uma página em branco. Um visitante regular, ao notar a freqüência dessa ocorrência, ia achar estranho e talvez parasse de aparecer. Por isso só ativava o WP-cache para testes rápidos. Mas agora descobri a solução do problema.
A solução para as páginas em branco
Bom, parece que o WP-cache foi desenvolvido para funcionar perfeitamente no PHP 4. O Techbits e outros sites usam a versão 5 desta linguagem para servidores. Então uma modificação é necessária no código do WP-cache para funcionar em blogs que rodam sob o PHP 5. Descobri isso neste blog. Vamos lá:
- localize e abra em um editor o arquivo wp-cache-phase2.php;
- localize o seguinte trecho de código: “ob_end_clean()”, na linha 220 caso esteja usando a versão 2.0.19 do plugin;
- altere para “ob_end_flush()” e salve;
- envie essa atualização para a pasta correspondente no seu servidor. Pronto!
Claro, você vai precisar ativar o plugin no painel de controle do WordPress e também ligar o funcionamento dele em outro menu (sim, é necessário ativá-lo duas vezes em dois lugares diferentes…). Essas instruções você encontra na página oficial do WP-cache.
Um dia, quem sabe, talvez precise de verdade deste plugin. Problema resolvido, que venham os efeitos Digg/ Slashdot! O Techbits não mais os teme…
obs: agradeço ao Carlos Cardoso do Contraditorium (entre outros blogs) pela paciência em discutir esse problema do WP-cache comigo. Dele também foi a dica para escrever sobre a solução do assunto.
23 novembro 2006
por Alexandre Fugita
Foi aprovado essa semana pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito) a instalação de chips eletrônicos (acho que um RFID) em toda frota de veículos automotores do Brasil. O objetivo é facilitar a fiscalização localizando veículos irregulares ou ainda prevenir roubos e ajudar na localização de veículos e cargas roubadas. São Paulo quis sair na frente e já anunciou a implantação do sistema dentro de dois anos. A tecnologia é muito legal mas, na medida que todo carro possa ser localizado a qualquer momento, como fica a privacidade?
Identificação na internet vs. Identificação dos carros
Talvez seja só eu (não, acabo de descobri que o Solon tem uma visão parecida…), mas para mim essa resolução de que os carros devem ser rastreáveis é igualzinha àquela outra proposta de identificar todo mundo na internet. A multidão esperneou pela blogosfera, grandes portais da internet fizeram campanha contra e o projeto de lei sobre a internet foi adiado. Agora querem chipar todos os carros e colocar antenas espalhadas pelas ruas, avenidas e estradas. Você foi para aquele bairro? Está registrado. Foi viajar no fim de semana? Sabem onde você está. Não duvido que em breve surjam empresas oferecendo serviço de visualização da posição do carro pela web.
Entendo que deve facilitar a fiscalização. Carros com IPVA vencido serão flagrados. Veículos roubados serão rastreados. Mas não é só tirar a tag eletrônica? Claro, se você tirar está comentendo uma infração e poderá ser parado pela fiscalização. Que fiscalização? Se já não existem recursos humanos para fiscalizar as ruas de hoje, imagina se existirão guardas suficientes para parar todos os carros sem o chip identificador. Tudo ficará como antes mas o governo terá gasto milhões em infraestrutura.
Tecnologia e privacidade
A privacidade é importante? Muita gente acha que não. A tecnologia avança e cria novos meios de rastrear, catalogar, guardar informações infinitas sobre tudo e sobre todos. Hoje é impossível não constar em algum banco de dados que pode analisar o seu perfil. Se você possui cartão do banco, toda compra cria seu histórico de uso. Se você já usou o Google, todas suas buscas estão atreladas a um perfil, mesmo que você nunca tenha se cadastrado em qualquer serviço deles. Eles sabem quem é você, o que procura, o que quer, o que faz. Tudo, tudo mesmo. No final das contas todos nos acostumamos e privacidade passará a ser uma palavra antiga do dicionário que as gerações futuras não saberão o significado.
23 novembro 2006
por Alexandre Fugita
A Americanas.com surgiu como a operação virtual de uma loja conhecida no mundo real, com lojas físicas e tudo mais. O Submarino já nasceu virtual. Tudo isso em 1999, época da primeira grande onda da internet. Enfrentaram o estouro da bolha em 2000 e discutiram pela primeira vez a possibilidade de juntar as operações. Passada a crise cada uma foi para seu lado, crescendo de forma consistente. Agora os dois maiores players do mercado brasileiro se fundem em uma empresa (chamada de B2W) que, estima-se, venderá R$ 2 bilhões este ano.
Cauda Longa e Disponibilidade
Ambas as empresas já atuam na Cauda Longa. Possuem prateleiras gigantes, quase infinitas, na qual vendem milhares de produtos. Essa é a vantagem de ser virtual. Aparentemente, pelo que entendi dos press releases, as operações de lojas físicas da Americanas ficam de fora do negócio. Desta forma a empresa criada é totalmente virtual e, portanto, consegue tirar vantagem da Cauda Longa. Se bem que se usarem as lojas físicas da Americanas como estoque pode ajudar a diminuir custos de uma prateleira infinita.
Outro fato que se nota nesta fusão é a atuação múltipla da B2W. A Americanas havia comprado o canal de TV e e-commerce Shoptime. Por sua vez o Submarino agrega os serviços de vendas do Ingresso.com e da TravelWeb. A B2W atuará no comércio eletrônico de bens de consumo, ingressos, viagens e também tem um canal de TV para divulgar seus produtos. Ou seja, disponibilidade por vários meios. Uma verdadeira potência.
Amazon
Há rumores que a Amazon está se preparando para finalmente atuar no Brasil. Hoje só podemos comprar livros, se não me engano. Uma operação brasileira da maior do comércio eletrônico mundial seria ótimo para o consumidor. Seria a fusão uma indicação de que os rumores da Amazon são pra valer?
20 novembro 2006
por Alexandre Fugita
O Yahoo! está em crise. Isso todos já sabiam há algum tempo. O novo projeto de propaganda atrasou e os lucros estão diminuido. Mas o buraco é mais embaixo: estão perdidos, não sabem que direção tomar, o que comprar, o que fazer com os diversos serviços conflitantes que possuem. Tudo isso era apenas especulação da blogosfera e da mídia mas parece que é pra valer. Há alguns dias “vazou” um memorando interno do Yahoo! detalhando pontos de preocupação de um VP Senior da empresa, e lá dizia: precisamos mudar!
Web 2.0 vs. Web 1.0
O Yahoo! tem feito várias aquisições de serviços da chamada Web 2.0. Entre as mais importantes podemos citar o Flickr e o Del.ici.ous. O grande problema é no geral os sites comprados entram em conflito com serviços que o Yahoo! já possui. Como todos sabem o Flickr é o expoente web 2.0 das fotos. Mas o Yahoo! já possui o serviço Fotos versão web 1.0 da mesma idéia. O Del.icio.ous pra quem não sabe é o expoente web 2.0 quando se fala de bookmarking social. Mas o Yahoo! já possui o serviço My Web, novamente a versão web 1.0 da mesma idéia.
E a lista é grande… Alguns podem dizer que o público dos serviços web 2.0 é formado por early-adopters (pessoas que adotam primeiro as novas tendências) e que o serviços web 1.0 tem como público a audiência menos antenada da internet e que, portanto, não há conflito. Bom, seria interessante ver características inovadoras entrando nos serviços antigos assim como uma melhor integração entre eles.
Comprar ou não comprar, eis a questão
Após a aquisição do YouTube pelo Google, os rumores indicavam que o revide da Yahoo! seria a compra do Facebook, rede social concorrente do MySpace e, digamos assim, do quase brasileiro orkut. O preço do Facebook foi às alturas e o Yahoo! não pagou pra ver. Alguns disseram que o problema foi que a tomada de decisões no board da Yahoo! é muito lenta e que isso prejudicou as negociações.
Fora isso a Yahoo! tem comprado propriedades na web de forma agressiva. Só na semana passada incorporou o Blix e o MyBlogLogs, mas sofre de problemas internos que dizem, ajudou a perder a oportunidade de comprar o YouTube em uma disputa contra o seu principal inimigo, o Google.
Mais recursos, menos produtos
Recentemente o Google declarou que precisavam de melhorar e aumentar os recursos de seus softwares do que ficar lançando novos serviços. O Google é famosos por lançar dezenas de serviços beta, alguns deles tão fracos que mais parecem uma versão alpha. O caminho a ser trilhado agora é melhorar o que já existe.
O Yahoo! parece que acordou para o mesmo problema. O tal do memorando, chamado de Peanut Butter Manifesto (algo como Manifesto da Pasta de Amendoim – americanos adoram Amendocrem), descreve que o Yahoo! está espalhando pasta de amendoim por vários e vários serviços sem se preocupar em desenvolvê-los adequadamente. E traça linhas gerais sobre o que deveria ser a nova estratégia da empresa em relação às suas propriedades web. Só espero que o Yahoo! não perca “a mão” e simplesmente mate os ótimos Flickr e del.icio.us.