Conteúdo na web: aberto ou fechado?

por Alexandre Fugita

[Login UOL, bah!] Essa discussão deve ser antiga… Um dos maiores portais de informação do Brasil, o UOL, possui inúmeros canais de conteúdo fechado. Só pode ter acesso quem assina o provedor ou o conteúdo em questão. Essa é uma das grandes razões para que eu passe longe do UOL, por melhor que seja seu conteúdo. Encontro a mesma coisa em outros lugares, sem essa restrição. E mesmo textos que tenho acesso por ser assinante pago – como o da revista Veja – prefiro não ler na web como faria com qualquer outro assunto.

O conteúdo é o rei, pelo menos é isso que 11 em cada 10 blogs repetem como mantra. O UOL não está errado em querer ser um portal de conteúdo. Isso traz tráfego, receita, etc. Só que ao dificultar as coisas – ok, uma caixinha de senha não é tão difícil assim – perde leitores… e receita… e tráfego… e relevância… e… Hoje, quanto mais fácil acessar um conteúdo, quanto mais “achável” ele estiver para um mecanismo de busca, melhor. E a desculpa que só com assinantes é que se ganha dinheiro, está ficando ultrapassada na web.

Claro, nem todo conteúdo do UOL é assim. Mas o fato de eu já ter ficado frustrado várias vezes por querer ler algo e cair em uma página dizendo que só assinantes tem acesso, criou involuntariamente um mecanismo de defesa. Ou seja, automaticamente, evito passar pelo UOL e qualquer outro site de conteúdo que exija login para ler um mísero texto.

Pessoas já me disseram que existem milhares de métodos escusos para conseguir uma senha “pirateada” que dê acesso a qualquer um desses sites. Mas sério mesmo, se esses sites não querem que eu leia facilmente seu conteúdo, prefiro mesmo não ler e procurar em outro lugar – blogs, por exemplo – que muitas vezes oferecem textos melhores, mais informativos e, abertos, sem login e senha, do jeito que é mais fácil para o leitor.

TV digital? Vou de YouTube

por Alexandre Fugita

[Tv digital] Há cinco anos a TV digital era algo legal. Hoje já não parece tão atrativa assim. Ontem finalmente definiram a data de lançamento do sistema no Brasil, que começará progressivamente por São Paulo. A digitalização tem lá suas vantagens, vai permitir interatividade, mais canais por faixa de freqüência, assistir à TV no celular, ver as rugas das atrizes na novela (!)… Mas tudo isso não serve para nada pois o problema da TV convencional, a restrição e escassez, não são páreos para os os vídeos via internet. Fora que mesmo que feita de zeros e um, a programação dos canais aberto deve continuar o mesmo lixo de sempre.

(*) imagem deste post, via Flickr

Escassez vs. Abundância

Qualquer que seja a grade de programação da TV digital, ela continua a ser exatamente isso, uma grade. Horários definidos pelos exibidores, programação medíocre que faz o país se mobilizar para saber quem matou a Taís ou quem ganhou o último BBB, não o dos blogs. A TV à cabo, que já é digital, é uma alternativa um pouco mais interessante pois apresenta uma programação bem mais variada, capaz de preencher alguns nichos e não massificar o gado humano. Mas mesmo assim continua com o problema da grade, gerando escassez. Isso sem falar do DRM

Daí aparecem uns gênios que criam um site que faz exatamente a mesma coisa que muitos já tentaram – exibir vídeos na web – e acertam a mão. O YouTube é a verdadeira TV moderna. Não há restrição causada por uma grade de programação escassa. Não existe a imposição de assistir a algo quando bem o dono daquela concessão governamental de TV quiser. Nós fazemos o horário e a programação. Já passei horas vasculhando o YouTube. E foram horas interessantíssimas.

Outra opção é o Joost que finalmente saiu do beta fechado dias atrás não necessitando mais de convites. Apesar do Joost ainda não ter a abundância de conteúdo de um YouTube[bb] – e nunca vai ter pois não é voltado para conteúdo gerado pelo usuário – é muito melhor que a restrição de horários e grade da TV convencional e digital. Outros dizem que o Joost já era e o negócio agora é o DNAStream

700 reais?

Uma outra crítica à implantação da TV digital no Brasil é o preço do conversor. Setecentos reais? Fala sério? Na interweb é possível encontrar por meios não exatamente legais, conteúdo digital de alta qualidade, de graça. Outras iniciativas como a o Mundo Record da TV Record, trazem sem custo algum todo o conteúdo de um canal da TV na internet, na hora que quisermos. Canais americanos como a ABC disponibilizam em seus sites algumas das séries mais assistidas, via streaming. E a Brasil Telecom acaba de lançar sua IPTV. Minha TV digital definitivamente é a internet.

A burocracia do registro de domínios no Brasil

por Alexandre Fugita

[burocracia ponto com ponto br] Ontem o Registro.br, órgão que faz parte das incontáveis entidades que cuidam da gestão da internet no Brasil, liberou uma lista com 78860 domínios que podem ser novamente registrados após passar um período no ostracismo, na geladeira. Há de tudo um pouco, muitos nomes que remetem a sexo, nome de tudo quanto é profissão ou tipo de negócio e domínios parecidos com sites conhecidos mas escritos de forma ligeiramente errada. Por exemplo, um dos domínios liberados é o 0rkut.com.br, com um zero no lugar da letra “o”.

O problema é alguns desses domínios tendem a nunca mais serem registrados depois que caem nesta lista do chamado processo de liberação. Tudo culpa de uma particularidade da regra que envolve o processo. Qualquer pessoa apta pode requer registro dos domínios liberados ontem. Mas se duas ou mais pessoas quiserem registrar o mesmo domínio, ninguém leva e o nome volta para a lista, aguardando um próximo processo de liberação. Seu sonho de ser dono do domínio youtubu.com.br e receber milhares de visitas por engano de quem procura pelo site de vídeos, jamais vai acontecer.

O mais estranho de tudo é como um nome vai parar nesta lista. Em algum momento alguém registrou os domínios que hoje estão presos neste beco sem saída. Passado um ano, que é o período mínimo de registro, esse alguém deixou de pagar o Registro.br para manter a propriedade.

Seria de se esperar que órgão regulador, ao notar a inadimplência, liberasse o site para outros registrarem, como acontece em qualquer país que não seja o Brasil. Mas não é esse o procedimento, o domínio fica congelado… por até 6 processos de liberação… algo que acontece umas duas ou três vezes por ano… até finalmente o Registro.br ter certeza que o antigo dono perdeu o interesse… (e todo mundo mais).

E aí esse nome cai no processo de liberação… Se for um domínio disputado pode ficar preso para sempre nesta lista. Ah, só para constar: se você quer um desses domínios da lista, faça a requisição em 50 formulários preenchidos à máquina via internet entre os dias 6 e 21 de Outubro de 2007.

Burocracia ponto com ponto bê-erre

No nosso país só existe um órgão que pode registrar domínios, não há concorrência. Fora do Brasil, várias empresas disputam esse concorrido mercado. Por conta disso um registro nos EUA, por exemplo, pode sair por cerca de dois dólares. A média é um pouco mais alta, ao redor de 7 dólares, mas mesmo assim é menos da metade que pagamos no Brasil – trinta reais.

Fora essa diferença de preços, no exterior é também menos burocrático. Ninguém precisa ter CNPJ para registrar um domínio. Não precisamos sequer morar nos EUA para fazer o registro. Basta pagar e escolher o nome. Aqui no Brasil, não. É necessário uma pessoa física e uma pessoa jurídica para registrar um simples domínio (*). E dá-lhe complicação.

(*) domínios .com.br.; pessoas físicas podem registrar .nom.br, agora mais barato, ou outras combinações… mas todo mundo quer mesmo é PONTO COM PONTO BR…

No país que mais horas usa de internet no mundo, abrir um simples site é uma via crucis. Enquanto o poder de registrar domínios continuar na mão de um monopólio estatal negócios pela internet ficam engessados. Milagreiros são aqueles que conseguem empreender em um país tão travado como este.

A Microsoft, o Google e os nomes

por Alexandre Fugita

[Google Microsoft] Talvez seja só eu, mas a nomenclatura de serviços na web está me deixando confuso. Não estou falando dos nomes esquisitos da chamada web 2.0. Estes, depois do estranhamento inicial, soam familiares. O que me preocupa é como as gigantes usam seus nomes. Tanto a Microsoft quanto a Google apresentam inconsistências. Quem perde é o consumidor. Enquanto uma peca pelos nomes longos e complicados, a outra peca por traduzir os nomes reduzindo o impacto da marca. Qual será a melhor equação?

Microsoft

Cada vez que a Microsoft cria um novo serviço, lança um nome mais comprido, principalmente em sua estratégia voltada para a internet. Há coisas que ganham o sufixo Live. Outras o nome MSN. Algumas ganham os dois como o MSN Hotmail Live. Essa confusão de nomes faz com que eu nunca entenda nada do que está acontecendo com os produtos web da gigante de Redmond. Por exemplo, a busca da Microsoft é MSN Search ou Live Search? Ou MSN Live Search?

Talvez seja falta de costume pois praticamente não uso qualquer produto online com a grife MS. Ontem lançaram um tal de Office Live Workspace. Até onde me lembro, já existia algum Live Office, mas que de online não tinha nada. Agora acrescentaram o Workspace que significa armazenamento de arquivos online, colaboração e sincronia para trabalhos em equipe, mais ou menos como fazemos no Google Apps. No press-release do lançamento citam duas linhas de serviços: Live e OnLine. Opa, OnLine? Mais um sufixo?

Google

A nomenclatura dos serviços da Google são um pouco mais simples. Docs, para textos. Spreadsheets para planilhas. Calendar para uma agenda. Reader para o RSS. Isso se você mora em um país que fala inglês. Para outros países como o Brasil os mesmos produtos ganham nomes locais traduzidos. Ok, fica simples de entender e os nacionalistas adoram. Mas a consistência da marca se perde. Quando cito o Google Docs, prefiro chamá-lo pelo nome original do que o traduzido para o português. O Calendar é Agenda no Brasil e Kalender na Alemanha.

Para a gigante de Montain View seria melhor manter um nome só para seu produto, qualquer que seja o país. Neste caso a recomendação é seguir o exemplo da Microsoft. O Word da não se chama Palavra aqui no Brasil e nem Wort na Alemanha. É só tomar o cuidado para não colocar dezenas de prefixos…

Parte da web semântica já existe

por Alexandre Fugita

[Conversa das APIs] Em teoria a web semântica é fantástica, ou seja, redescrever toda a informação que já existe na web na tentativa de fazer os computadores entenderem o significado das coisas. Em poucas palavras, seria uma camada a mais na web com meta-informações sobre a informação. A busca seria beneficiada pelo uso da linguagem natural. Mas se a intenção da web semântica é fazer computadores conversarem entre si e se entenderem um com os outros, isso já está acontecendo e se chama mashup.

Como seria essa tal de web semântica…

Quando entramos em uma página web prontamente entendemos os seus elementos. Reconhecemos um texto, absorvemos as informações contidas nele, fazemos relações e depois da leitura talvez um conceito novo ou informação começe a fazer parte de nosso repertório. Se essa página for de uma loja virtual nosso cérebro é capaz de localizar o preço de um produto, sua foto, suas especificações, prazo de entrega, etc…

Já um computador, por exemplo, o robô de um mecanismo de busca, teoricamente não distingue nada disso. Para ele tudo não passa de um monte de caracteres organizados em uma certa seqüência. É aí que entra a web semântica. Através de tags é possível descrever que aqueles números são o preço, que aquele monte de letras é o nome do produto, que aquele outro conjunto de informações representam o prazo de entrega.

Ou seja, para a web semântica existir, teríamos que redescrever toda a informação da web com essas tags de microformatos. No mínimo isso parece inviável. E não é possível ser feita automaticamente por um software. Se esse software existisse na verdade não precisaríamos descrever a informação com tags, o problema já estaria resolvido.

APIs, mashups e os dados semânticos

Uma coisa que está acontecendo é a transformação da web em real plataforma. As APIs, antes escondidas nos recantos dos sistemas operacionais, agora estão livres destas amarras, acessíveis pela internet. Serviços web conseguem se comunicar entre si, trocar informações e gerar novas e excelentes aplicações. O vídeo abaixo, que circulou tempos atrás pelos blogs, explica muito bem o que quero dizer.

[youtube U9sENSA_sjI]

Veja esse vídeo direto no YouTube.

Aquela visão do Tim Bernes-Lee do software semântico que conseguiria marcar uma consulta médica e ao mesmo tempo agendar uma viagem de negócios cuidando sozinho da logística praticamente já é possível. Mas esses serviços não dependem exatamente das páginas web serem semânticas e sim da semântica que existe no formato XML (para troca de informações), algo previsto na teoria da web semântica. Isso sim faz sentido, troca de dados entre aplicações. Mas transformar páginas de conteúdo em algo inteligível por máquinas está longe de acontecer. Será mesmo?

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