A vitória da tecnologia

por Alexandre Fugita

[Urna eletrônica] Lembro que antigamente as eleições eram mais emocionantes. Pelo menos a apuração. Levava dias para se confirmar a vitória de um ou outro candidato. Era divertido. Todos os dias acompanhávamos as porcentagens variando dependendo da região do Brasil que as urnas eram abertas. Mais recentemente o Brasil adotou as urnas eletrônicas. O que levava muitos dias passou a no máximo dois dias. Ainda existia um pouco de emoção na contagem dos votos. Mas no último domingo toda essa magia acabou. Mal começaram a divulgar os números já tínhamos um vitorioso e 70% dos votos apurados. O romantismo de antigamente foi substituído pela eficiência da tecnologia.

Segurança da Urna Eletrônica

A urna eletrônica tem lá seus críticos. O código de programação pode ser alterado? O voto pode ser lido e alterado pelo mesário? O disquete (sim, usam disquete!) é seguro? O título de eleitor não tem foto? Eu, por exemplo, votei no primeiro turno com cédulas de papel pois a urna eletrônica da minha seção havia quebrado. Achei mais inseguro do que apertar uns botões grandões e ouvir aquele som característico da finalização do voto.

De acordo com a legislação eleitoral o código de programação da urna é aberta aos partidos interessados, o que evitaria a inclusão de software que altera o resultado. A legislação aponta ainda que o registro do voto é anônimo e que os dados são sempre criptografados. Tendo os partidos acesso ao código-fonte, ou seja, a possibilidade de analisá-lo, creio que qualquer problema em relação à integridade da informação está resolvido.

Bits a toda velocidade

Agora vamos falar do que impressionou nessa eleição. Não, não foi nenhum candidato em especial e sim a velocidade da apuração. O Brasil, com suas dimensões continentais, tem 3 fusos horários (achava que eram 4 mas parece que são apenas 3). Por isso apesar da contagem dos votos começar às 17 horas de Brasília em alguns Estados, só pode ser divulgada a partir das 19 horas quando o último eleitor vota lá no Acre.

Lá pelas 19h30, quando fui acompanhar os primeiros números o resultado já era praticamente final. Fiquei assutado com tamanha velocidade mas ao mesmo tempo feliz com a tecnologia. Não deu tempo nem de torcer pra um ou outro candidato. Que coisa mais sem graça…

Comentários do Facebook
9 comentários
  1. Hahaha! Muito bom!
    Realmente, perdeu aquela “emoção” que tinha antes, mas eu prefiro muito mais desta forma. Eficiência sempre!

    Com relação à segurança, os partidos tem acesso ao código fonte e a um número hash deste. No processo de inseminação das urnas (instalação do sistema operacional e população do banco de dados com os candidatos na memória flash (além do disquete que guardará os dados, nela também tem uma memória flash que serve de hd)), os partidos tem o direito de verificar se este hash é o mesmo que foi aprovado em assembleia a um tempo atrás. Este processo é feito através de um disquete (sim , realmente é um disquete) de verificação que fala se o hash foi ou não alterado.

    As modificações que eu sugeriria são:

    a impressão do voto logo após o processo de votação, para que seja possível a recontagem após o processo de apuração, caso algum partido se sinta lesado. Na forma que é hoje, não existe esta possibilidade.
    a troca dos disquetes por algum tipo de memória (pode ser uma outra memória flash ou até mesmo um pendrive), para que fique mais difícil ocorrer a perda destes dados.

    A… os mesários também não tem como saber em quem o eleitor votou. Isto é lenda.

    Abraços!

    ps: acho que me estendi no comentário! rrsrs

  2. Olá, concordo que perdeu um pouco a emoção, mesmo porque eu estava sempre trabalhando e na apuração dos votos era triste para nós as briga e tudo mais, até conto em um post no meu blog, e comentei com o Bruno alves no blog dele, mas agora é bem mais prático e mobiliza menos pessoas.

  3. Olá Rafael!

    Legal as suas explicações de como funciona o sistema. Eu só fazia uma vaga idéia e agora, após os seu comentário, já tenho uma visão mais completa do assunto, hehe!

    Concordo com vc em relação às mudanças sugeridas. Falou!

  4. Olá Silvano!

    Pois é, a tecnologia ajuda, diminui o tempo e provavelmente os custos. E, creio, evita fraudes.

    Procurei no seu blog o post que fala sobre o assunto e tomei a liberdade de divulgar aqui para que outros possam lê-lo:

    http://blogplug.awardspace.com/?p=18

    Até!

  5. […] A apuração era uma verdadeira via-sacra. Levavam-se dias no sobe-desce das porcentagens até se ter certeza absoluta de quem estava realmente eleito. Alexandre Fugita do Techbits escreveu um ótimo texto sobre esse assunto. […]

  6. Não entendi muito bem a oque se referiu o Rafael sobre “impressão do voto”, mas trabalho como mesário a duas eleições e o total de votos de cada seção é impresso assim que termina o horário. Inclusive com cópias para os fiscais dos partidos caso eles estejam presentes e outra que fica fixada na porta da seção. Nessa impressão sai o total de votos de cada candidato, não todos, apenas aqueles que receberam votos.

    No que tange a segurança, quem me garante que alguns disquetes não poderão ser trocados? Não estou aqui colocando em questão a confiabilidade dos funcionários dos TREs, mas… E todo eleitor tem seu número de título digitado no microterminal antes dele votar, ou seja, na minha opinião, se quiserem é possível sim saber em quem determinado eleitor votou. Claro que não vejo razão para fazerem isso, mas…

    Aqui no Paraná a disputa para o governo foi cabeça a cabeça. Diferença de míseros 10.472 votos. Passei em frente ao cômite de campanha de um dos candidatos e todas as pessoas ali presentes estavam atentos, apreensivos escutando as parciais no rádio. Assim é emocionante.

  7. Olá Issamu!

    Há estudos sugerindo que os votos registrados na urna eletrônica sejam impressos e depositados automaticamente em outra urna. Claro que é necessário ao eleitor confirmar se o voto impresso corresponde à opção escolhida… acho que é aí que mora o problema. O voto impresso serviria para realizar comparações aleatórias se a votação eletrônica bate com os votos de papel e também para possíveis recontagens de votos.

    Os disquetes são criptografados, possuem hash, cada arquivo gerado corresponde a uma única urna. É quase impossível burlar os dados. Se vc mudar um bit, o hash vai para o espaço, a autenticação criptográfica não funciona mais e o conteúdo do disquete torna-se inválido. Na verdade o que questiono (e o Rafael também) é o uso de disquetes, uma tecnologia ultrapassada.

    É verdade: no PR a disputa foi acirrada e a contagem virou nos últimos momentos. Em SP não houve segundo turno.

  8. A criptografia eu entendi. Mas eu quis dizer, e se no trajeto até o local de apuração, alguém trocar os disquetes? Isso é possível você não acha?

  9. Sim, deve ser possível. Mas creio que invalidaria os dados vindos daquela urna cujo disquete foi desviado/ trocado. Neste caso não sei o que acontece mas ficaria um “buraco” no mapa de urnas contadas e acho que iriam pegar a cópia do relatório de votos impressos de cada seção.

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